O governo brasileiro elevou suas previsões para a dívida pública, indicando que ela poderá atingir 81,6% do PIB em 2026, o último ano do mandato de Lula. Este cenário coloca o Brasil em uma trajetória de crescimento da dívida que não era vista desde o auge da pandemia de Covid-19, quando a dívida pública superou 80% do PIB. O aumento das taxas de juros, aliado a despesas obrigatórias crescentes e à exclusão de certos gastos do cálculo fiscal, são apontados como os principais fatores que pressionam as finanças públicas.

As novas estimativas revelam uma preocupação crescente sobre a capacidade do governo de controlar o endividamento. Em 2023, a dívida bruta já estava em 74,4% do PIB, e deve subir para 77,9% em 2024, antes de alcançar o patamar de 81% até 2026. Além disso, o déficit primário, que já ultrapassou R$ 68 bilhões, adiciona mais pressão sobre as contas públicas.

Economistas alertam que, à medida que o nível de endividamento sobe, aumenta também a dependência do governo em relação ao mercado financeiro para financiar suas obrigações, o que pode encarecer o crédito e afetar os investimentos privados. A estabilização dessa trajetória, segundo especialistas, dependerá de medidas mais robustas de controle de gastos e geração de receita.

A equipe econômica de Lula, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mantém a expectativa de que a dívida possa ser estabilizada até 2028, quando cairia ligeiramente para 81,5% do PIB. No entanto, há ceticismo no mercado sobre a viabilidade dessas previsões, especialmente em um cenário de crescimento econômico incerto e de pressões fiscais contínuas.