A Asa Norte tem virado reduto de tudo que remete a uma culinária tradicional, focada mais no tempero e na despretensão. O Dalva Cozinha Afetiva segue nessa pegada, mas não se iludam: ali tem gastronomia de alto padrão.
Fiquei feliz por ver que o cantinho charmoso que já pertenceu à Damaria Doçaria Portuguesa (que agora está na Asa Sul) foi aproveitado por uma casa pequenina, igualmente charmosa, e cuja comida reflete a máxima da gastronomia de que a excelência se abriga na simplicidade.
Localizado na parte detrás do prédio, na 108 Norte, o Dalva tem uma varanda bem gostosa, mas que merece um pouco mais de cobertura nessas épocas de sol escaldante. Um misto de cozinha internacional e tempero de avó brasileira, os pratos me surpreenderam no quesito apresentação e não deixaram a desejar no sabor.
Eu fui de Barriga na cachaça, barriga suína marinada com cachaça e melaço de cana, nhoque de mandioquinha, fonduta de queijo canastra e farofa da casa (R$ 59,90), porque, literalmente, alguém começou a ler a descrição do prato e achei gastronomicamente pornográfico no melhor sentido.
Nhoque levinho, barriga desmanchando e com boa proporção de carne e gordura. Os colegas foram de Picanha grelhada, vinagrete de cebola roxa e cebolete, purê de abóbora e farofa da casa (R$ 69,90); frango caipira ao próprio molho, angu de milho, quiabo frito, farofa de cebola caramelizada (R$ 69,90); e Costela assada a baixa temperatura, glaceada com batatas assadas e farofa da casa (R$ 69,90).
Quero muito voltar para provar o arroz de rabada cozida a baixa temperatura com pimenta fresca, gema caramelizada e rúcula baby (R$ 59,90); e o Risoto da cidade grande, feito com queijo cuitelo casca florida, raspas de limão siciliano, pernil crocante e raspas de rapadura (R$ 69,90).
Para fechar, fomos de bolinho de chuva da vó, a recheado com ganache de rosas (R$ 29), que acompanhou um cafezinho coado.
A casa está começando, então, houve problemas com espera dos pratos, até em outras mesas. Mas, no geral, a experiência foi super agradável.