Por trás do evento, há uma movimentação econômica, social e cultural de grande importância para o mercado local e nacional
Quem pode desfrutar de uma “investigação” pelas páginas das robustas cartas de vinho dos restaurantes, hoje, ou passear pelas prateleiras de supermercados e adegas da cidade, não deve esquecer de que já houve uma época em que o brasileiro não sabia, não encontrada ou não queria tomar vinho.
De “demi-secs” duvidosos até rótulos abaixo da categoria “vinho de entrada”, Brasília era ainda mais limitada que outras capitais. Vinho era uma bebida de nicho, reservada a alguns grupos elitistas.
Ok, não vamos chegar a dizer que vinho é uma bebida popular agora, mas a verdade é que houve um trabalho muito sério e intenso por importadores, produtores e até organizadores de eventos para que o vinho saísse um pouco do imaginário inacessível e fizesse parte do cotidiano de mais brasileiros.
E se rótulos de todo o mundo passaram a chegar às adegas brasilienses, certamente foi um evento em particular que nos trouxe o, paulatinamente crescente e melhor, mundo dos vinhos brasileiros. Ainda estamos longe de podermos consumir nosso produto nacional de forma mais fácil, constante e acessível, mas, com toda certeza, foi a Vinum Brasilis a feira pioneira a nos introduzir ao que, inicialmente, a região Sul podia oferecer.
Perini, Pizzato, Santa Augusta, Casa Valduga, Luiz Argenta, muitas vinícolas eram desconhecidas mesmo do público apreciador de vinhos, que acreditava ser necessário apostar, sempre, no velho mundo, como Portugal, França e Itália, ou no novo mundo já aprovado internacionalmente, como Chile e África do Sul.
Essa movimentação dos rótulos nacionais gerou mais conhecimento, divulgação e, consequentemente, mais investimento financeiro no setor. Só o Rio Grande do Sul tem cerca 550 vinícolas e cooperativas, e recebe mais de 13 milhões de turistas ao ano, pelas atividades de enoturismo. A produção de uvas e vinhos representa aproximadamente 2% do PIB gaúcho. E, agora, temos vinhos do Vale do São Francisco, na Bahia, em Minas Gerais e, o que me deixa mais emocionada, do Distrito Federal.
Nos últimos dias 01 e 02 de novembro, a Vinum trouxe, para sua 19ª edição, rótulos excepcionais, representativos do árduo trabalho de enólogos, sommerliers, representantes, vendedores, aprendizes e experts da área de vinificação.
Uma ala de produtoras brasilienses foi suficiente para deixar qualquer “candango” emocionado pelas famílias produtoras que compõem a Vinícola Brasília, por exemplo.
Circular em meio a inúmeros rótulos de excelência já é bom, mas sabendo que são produtos brasileiros, sendo premiados dentro e fora do país, e deixando os consumidores encantados e entusiasmados com o que nosso mercado ainda poderá se tornar, é muito melhor.
A contribuição só aumenta: azeites, queijos e embutidos nacionais também crescem a cada ano, em sua participação na feira.
Meus parabéns à Vinum. Nos vemos ano que vem.
Serviço
Vinum Brasilis
instagram.com/oficialvinumbrasilis