A segunda mostra do projeto Temporada de Exposições – Contraêxodo: Estratégias de Inserções apresenta as obras de artistas que têm comum o trabalho com materiais de descarte e carreiras consolidadas fora do eixo sudestino  

Como parte do projeto Temporada de Exposições – Contraêxodo: Estratégias de Inserções, no dia 20 de janeiro a partir das 17h, o Pé Vermelho – Espaço Contemporâneo abre ao público a mostra “Encruzilhada”, com obras dos artistas visuais AYA (DF), Marcone Moreira (PA) e Shevan (DF). Com curadoria compartilhada de Gisele Lima e o Pé Pé Vermelho, a mostra foi pensada a partir da produção de três artistas visuais que atuam fora do eixo sudestino. No dia da abertura, às 18h, os artistas e curadores participam da palestra  “Se formar à margem”. Após a palestra, acontece o lançamento da publicação “Mediação Cultural Documentária”, do Educativa do Museu Nacional. O projeto é realizado com o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).  O Pé Vermelho – Espaço Contemporâneo fica na Avenida 13 de maio, Quadra 57, Lote – Setor Tradicional, Planaltina – DF. No Instagram e no Facebook @pervermelhoec.

“Encruzilhada” é a segunda exposição do projeto “Temporada de Exposições – Contraêxodo: Estratégias de Inserções” e reúne artistas que apresentam uma proximidade de procedimentos e materiais em seus trabalhos. As curadorias dos artistas locais que integram as mostras junto aos convidados foram realizadas a partir de pesquisa e análise de portfólios pela equipe do Pé Vermelho junto com a curadora convidada Gisele Lima (DF). A variedade de corpos, origens, temas e linguagens artísticas é um dos norteadores para as seleções de artistas e suas obras.

A exemplo da edição anterior, para esta exposição, a equipe de curadores partiu do trabalho do artista convidado para selecionar dois artistas que produzem localmente. A Marcone Moreira (PA), artista convidado para esta edição, juntam-se AYA, que mora em Taguatinga (DF), e Shevan, que atualmente mora na Bahia, produziu os trabalhos que estão na mostra em São Sebastião (DF) e na residência artística realizada no Pé Vermelho, em Planaltina (DF). “Em comum, são artistas que trabalham à margem”, diz Luciana Paiva, da equipe de curadores do Pé Vermelho. “Eles partem da coleta de materiais que são destituídos de seu uso recorrente para serem posteriormente rearranjados em composições abstratas, assemblages e instalações, mantendo os vestígios e cruzamentos de seus percursos na materialidade das obras”, completa.

Lançamento

Como parte das atividades formativas do Pé Vermelho, o espaço receberá o lançamento da publicação “Mediação Cultural Documentária”, um compilado de escritos, imagens e registros diversos do que foi produzido na mediação cultural como pesquisa e prática documentária pelo programa Educativa no Museu Nacional da República. O livro será distribuído gratuitamente no local.

Sobre os artistas

Mayara Trindade Villena, vulgo AYA, mulher negra, nasceu e se criou na Ceilândia Sul (DF) e atualmente reside em Taguatinga (DF). Graduada em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB), o vulgo e/ou nome artístico surgiu quando aderiu ao universo da pichação, o que desde levou a encontrar caminhos estéticos, visuais, sociais, políticos e éticos na produção artística, em uma busca latente por linguagens não-brancas. O trabalho caminha em diversos segmentos nos modos de fazer, entre eles fotografia, fotomontagem, colagem, gravura, pintura, e a partir do encontro das linguagens surge o que chama de “pintura-instalação”, nomeado assim, por fazer arranjos com objetos de descarte nas obras, buscando tratar sobre o que consiste à margem social em diferentes níveis.

Marcone Moreira nasceu em Pio XII – MA, Brasil, vive e trabalha em Marabá-PA. Iniciou suas experimentações artísticas no final dos anos 90 e, a partir de então, vem participando de diversas exposições pelo país e no exterior. Sua obra abrange várias linguagens, como a produção de pinturas, esculturas, vídeos, objetos, fotografias e instalações. Seu trabalho está relacionado à memória de materiais gastos e impregnados de significados culturalmente construídos, desenvolvendo uma metodologia de trabalho, em que interessa a apropriação, o deslocamento e a troca simbólica de materiais.

Shevan é do bairro da Liberdade em Salvador, se formou artista nas ruas como artesão e em Brasília na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes onde cursou artes cênicas (mas não concluiu) e realizou matérias do curso de artes visuais. É um dos artistas do primeiro grupo que integrou o Pé Vermelho em 2017. As obras que serão apresentadas na exposição foram produzidas em São Sebastião, na área rural do DF e em residência no Pé Vermelho, Planaltina/ DF.

Sobre a curadora convidada

Bacharela em Teoria, crítica e história da arte pela Universidade de Brasília, Gisele Lima desenvolve pesquisas que investigam processos de criação, do fazer, do trabalho artístico, da produção cultural e da curadoria desde 2013. Se mantém plural e versátil na missão de fazer acontecer eventos de arte apesar dos pesares. Em 2019 se tornou gestora do ecossistema de arte e galeria-escola A Pilastra que tem como foco a democratização da arte e seus acessos, a formação e fomento de artistas e agentes culturais dissidentes.  Foi cocuradora da mostra Triangular – Arte deste século (2019/2020), realizada na Casa Niemeyer – UnB, melhor exposição coletiva institucional pela revista Select (2019); curadora convidada da 14ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba com a mostra Contraforte (2019) e Ganhadora do primeiro edital de curadoria da Galeria OMA (2018), São Bernardo do Campo – SP, com a mostra Métrica realizada no mesmo ano.

Sobre Luciana Paiva

Luciana Paiva é artista, pesquisa a visualidade do texto e tem como ponto de partida o uso dos elementos da escrita como matéria. Concluiu o Doutorado em Artes pela Universidade de Brasília em 2018; cursou o Programa Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 2011 e participou do Rumos de Artes Visuais 2011-2013. Em 2019 foi uma das artistas selecionadas para o 29o Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo apresentando a exposição individual Cidade Partida. Participa de exposições desde 2004, atuando também como educadora e na organização e curadoria de eventos em arte. Desde 2017 integra o grupo de artistas vinculados ao Pé Vermelho Espaço Contemporâneo em Planaltina – DF.


Sobre o projeto

“Temporada de Exposições – Contraêxodo: Estratégias de inserções” promoverá quatro ciclos de exposições e palestras que reúnem artistas não-sudestinos com experiências de sucesso em circulação nacional e internacional junto à artistas locais, estimulando trocas, encontros e debates sobre arte contemporânea, estratégias de inserção e circulação. O projeto propõe um outro movimento ao constante deslocamento de artistas, público e obras para os centros hegemônicos da arte. Ao trazer artistas de outros estados que estão em etapas diferentes de consolidação de suas carreiras para a periferia do Distrito Federal, centro excêntrico do Brasil, o projeto propõe fortalecer outros caminhos ao possibilitar o acesso presencial à produção e pensamento contemporâneo nas artes visuais a um público que, quando pode, precisa transpor barreiras geográficas continentais, sociais e digitais para ter contato com obras e artistas consagrados. Do mesmo modo, o projeto visa o estímulo à formação de artistas locais que possuem poucas oportunidades de estabelecer trocas com uma rede de artistas e curadores de ampla circulação, justamente por estarem afastados destes centros hegemônicos.

O projeto começou em novembro de 2023 com a mostra “Bença”, com Dalton Paula, Bárbara Passos e Lua Cavalcante. Cada exposição tem duração aproximada de 45 dias. As próximas exposições trarão para Planaltina as artistas convidadas Alice Yura (MS) e Rubiane Maia (ES).

Sobre o Pé Vermelho – Espaço Contemporâneo

Pé Vermelho é um espaço de formação, produção e promoção de artes, com foco na produção dos não sudestinos e cerratenses. Pensando estratégias de inserção e circulação, acompanhamento e discussão dessa produção, instrumentalização e profissionalização desses artistas, o espaço Pé Vermelho surge com a proposta de formação de artistas em situações periféricas, na dilatação, fortalecimento e compartilhamento dos canais que os membros mais inseridos têm com os artistas que estão ainda no início de sua trajetória. O espaço ocupa um terreno em frente a praça da igrejinha São Sebastião, da histórica Planaltina, cidade da periferia de Brasília, mas que já se encontrava aqui no Goiás 150 anos antes da fundação do monumento moderno.


Este é o segundo projeto do Pé Vermelho – Espaço Contemporâneo realizado com o recurso do (FAC-DF). Em concomitância com iniciativas já existentes em Planaltina (DF), como o Salão Mestre D ́Armas e o Festival Cerratense, o Pé Vermelho – Espaço Contemporâneo pretende contribuir para inserir Planaltina definitivamente no cenário das Artes Visuais Contemporânea do Brasil, a exemplo do que aconteceu com a cidade de Anápolis (GO) a partir do Salão Anapolino e as ações advindas deste. Todas as atividades serão gratuitas e presenciais.

Encruzilhada 

Exposição 2 do projeto  Temporada de Exposições | Contraêxodo: Estratégias de inserções

Objetos, assemblagens e instalação

Obras de | AYA (DF), Marcone Moreira (PA) e Shevan (DF)

Curadoria | Gisele Lima e equipe do Pé Vermelho – Espaço Contemporâneo

Assistente de curadoria| Iago Góes

Abertura | 20/01, às 17h 

Onde | Pé Vermelho – Espaço Contemporâneo 

              Av. 13 de maio, quadra 57 lote 6 – Praça São Sebastião

              Planaltina-DF

Visitação | Até 02/03

                    De quinta a sábado, das 16h às 20h

Agendamento | pevermelho@pevermelho.art

Palestra | Produzir à Margem

Com a participação dos artistas da mostra “Encruzilhada”

Quando | 20/01 às 18h

Instagram | @pevermelhoec

Facebook | facebook.com/pevermelhoec