“Vamos stalkear fulano nas redes” é uma frase comum, mas muitos não percebem o impacto que essa ação pode ter na vida de alguém. Stalkear, que significa perseguir, tornou-se uma expressão popular para “dar uma olhadinha”, mas por trás dessa ação podem estar intenções erradas e até fatais para quem está sendo observado.

A nova série da Netflix, “Bebê Rena”, retrata exatamente o crime de stalking, mostrando vários episódios de violência sofridos pela vítima, após um comediante despertar sentimentos em uma mulher que começa a persegui-lo.

O crime de stalking (perseguição) é caracterizado como uma perseguição obsessiva que pode ocorrer fisicamente ou virtualmente. Trata-se de um padrão contínuo de comportamento persistente e intrusivo em que uma pessoa busca repetidamente monitorar e assediar outra pessoa, como seguir a vítima para onde ela for ou acompanhar e rastrear suas atividades nas redes sociais.

Essa vigilância excessiva pode causar consequências devastadoras e irreversíveis. Os primeiros sinais podem ser encontrar frequentemente a mesma pessoa no mesmo horário e local que você costuma ir ou receber mensagens incessantes nas redes sociais, de cunho sexual ou apelativo. Pode começar como uma fixação passageira ou uma manifestação diária inofensiva de interesse, mas pode se tornar algo crescente e causar um risco fatal à vítima, isto é, levar à sua morte.

“O que leva uma pessoa a perseguir a outra pode ser diverso e complexo. Eles podem ser motivados por um desejo de controle da vítima, uma possessividade que está além de qualquer relação. Em alguns casos, o comportamento ganha impulso por um sentimento de rejeição, ciúme ou vingança”, comenta o advogado Amaury Andrade, especialista em direito penal.

O stalking se tornou crime por meio da Lei 14.132/2021 no Código Penal, e a pena é de reclusão de 6 meses a 2 anos, e a multa é aumentada se o crime for cometido contra criança, adolescente ou idoso.

As vítimas de stalking podem ter sintomas profundos e duradouros, como muito medo, crise de ansiedade, síndrome do pânico e até o uso de medicamentos além do normal para, por exemplo, conseguir dormir ou se sentir mais calma. Isso pode atrapalhar a vida pessoal, social e profissional da vítima.

“Se você tem medo de sair de casa, sempre verifica se fechou todas as portas, se sente observada por onde vai, já mudou sua rotina várias vezes e precisou bloquear vários contatos e perfis das redes sociais e até já tem o nome e a foto da pessoa que está te perseguindo, você precisa ir a uma delegacia para denunciar e, em seguida, contratar um advogado para estabelecer medidas protetivas para sua vida e respectivas punições para o criminoso”, alerta Amaury Andrade.

O especialista também ressalta a importância de tirar prints das mensagens e ligações, das redes sociais, e do nome e fotos do agressor. “Guarde todos esses documentos e nunca os apague, eles são as suas provas”.