O abril azul foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas, ONU, como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o autismo, assim como dar visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA.
O autismo pode ser identificado ainda nos primeiros anos de vida, embora o diagnóstico de um profissional seja dado apenas entre os quatro e cinco anos de idade. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o TEA é um transtorno de desenvolvimento neurológico, caracterizado pela dificuldade de comunicação e/ou interação social.
Existem outras características, como a dificuldade de interação social, em se comunicar, hipersensibilidade sensorial, desenvolvimento motor atrasado e comportamentos repetitivos ou metódicos. Mas vale lembrar que cada indivíduo dentro do espectro autista é único e apresenta uma combinação de sintomas e habilidades diferentes, variando de leve a severo. Portanto, a intervenção precoce e o ensino personalizado para crianças autistas são essenciais para o seu desenvolvimento e autonomia.
Quando falamos sobre educação escolar, o método de ensino Montessori surge como uma das ferramentas aliadas no desenvolvimento dessas crianças. Ele enfatiza a liberdade individual, a autodisciplina e o desenvolvimento social e físico da criança.
Segundo a pedagoga, especialista no método Montessori e diretora da Casa Montessori DF, Carminha Cavallini, diferente do ensino tradicional, onde a instrução é centralizada no professor, no método Montessori a criança é considerada o centro do aprendizado. As salas de aula são projetadas para facilitar a exploração e a aprendizagem autodirigidas, em um ambiente preparado com materiais didáticos específicos, desenvolvidos para cada etapa do desenvolvimento infantil.
“No método Montessori, as crianças são incentivadas a aprender no seu próprio ritmo, por meio da experiência prática, da experimentação e do jogo. Além disso, enfatiza-se o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas, pensamento crítico e autodescoberta, ao invés de se concentrar na memorização de conteúdos”, explica.
Vários fatores corroboram para o desenvolvimento das crianças, começando pelo ambiente acolhedor. Uma escola montessoriana fornece uma atmosfera de aprendizado acolhedora e confortável, o que pode ser extremamente benéfico para crianças autistas que podem se sentir sobrecarregadas em configurações altamente estruturadas.
Outro ponto positivo é que a aprendizagem é baseada no ritmo de cada criança. “O método Montessori enfatiza que cada criança deve aprender em seu próprio ritmo. Isto pode ser particularmente benéfico para elas, que muitas vezes precisam de mais tempo para dominar certos conceitos ou tarefas”, afirma Carminha Cavallini
Ao invés de se concentrar na memorização de fatos, o método encoraja a aprendizagem através da manipulação direta de materiais. Isto pode ser útil para crianças dentro do espectro autista, que muitas vezes aprendem melhor por meio de experiências diretas.
O ambiente também é outro fator determinante. “Aqui na Casa Montessori DF trabalhamos com pequenas classes. Elas tendem a ser menores em escolas montessorianas, o que significa que as crianças recebem mais atenção individualizada”, comenta a pedagoga.
Enquanto o método Montessori permite alguma flexibilidade, ainda há um senso de rotina e estrutura, o que pode ajudar os pequenos a se sentirem seguros e compreenderem o que é esperado deles. Sem contar os aspectos que norteiam o respeito pela individualidade. As escolas Montessori respeitam a singularidade de cada criança, valorizando suas habilidades e interesses individuais. Isso é especialmente útil para crianças autistas, que muitas vezes têm interesses especiais e habilidades que podem ser negligenciados em uma abordagem de ensino mais padronizado.
Por fim, esse tipo de educação estimula a independência e a autonomia do aluno, já que trabalha em favor de suas habilidades e não de suas limitações. “Vale lembrar que, apesar de termos muitos pontos positivos, todas as crianças são diferentes e o que funciona para uma criança pode não funcionar para outra. O ideal é sempre envolver os profissionais que trabalham com a criança em todas as decisões relacionadas”, finaliza Carminha.