Pensei em uma forma de iniciar este texto e não vi melhor frase para descrever o que vou falar, portanto, parafraseando a canção: “minha vida é andar por esse mundo, pra ver se um dia descanso feliz”. Vamos falar sobre viagem solo? Até onde a minha cia me basta? Descobri isso quando tomei coragem e viajei sozinha para fora do país. Porque, vamos combinar, né? Uma coisa é ir e vir dentro do nosso país, onde temos segurança do nosso idioma e a familiaridade com nossa cultura, costumes, etc, porém, uma viagem sozinha para o exterior não é para qualquer uma, ainda mais sendo mulher em um país onde somos julgadas, onde nos colocam num papel de coadjuvante, sexo frágil e por aí vai.
Viajar sozinha pode ser uma experiência transformadora, especialmente para nós mulheres. É um ato de coragem e autoafirmação, em que nos colocamos no centro da nossa própria narrativa, descobrindo novos horizontes, culturas e, mais importante, descobrindo-se. A jornada de uma mulher que viaja sozinha é pontuada não apenas por paisagens e monumentos, mas também por momentos de introspecção, superação e liberdade.
Ledo engano em pensar que somos sexo frágil, eu pensava assim, até fazer minha primeira viagem para terras italianas apenas com minha cia e muita vontade de conhecer o mundo. E após 14h de voo desembarco no meu primeiro destino solo sem falar a língua do país, mas, numa mistura de idiomas todos nós fazemos entender. Corajosa? Achava que não era, mas me vi dona da minha história e realizadora dos meus sonhos. Pensei: vou ter que ficar na mão do outro, esperar para arrumar uma cia e só assim viajar? Claro, seria legal ter uma amiga ou qualquer outra cia indo comigo, mas a minha vontade de desbravar o mundo e conhecer coisas novas falou mais alto. Digo que foi libertador. Já fiz mais uma viagem sozinha depois da primeira e tudo fluiu muito melhor. Mais coragem, menos medo, mais confiante e transbordando de mim mesma. Vou parar por aqui?? Não, já tem a próxima e será sozinha e internacional, digo que é um aprendizado que vale a pena.
Claro, me organizo muito bem, estudo o país, vejo todas as possibilidades do que fazer e assim montar um roteiro assertivo e que ocorra tudo como planejado. A decisão de embarcar nessa aventura pode surgir de várias motivações: a busca por independência, o desejo de se desafiar, a necessidade de uma pausa na rotina ou simplesmente a vontade de conhecer o mundo sob uma nova perspectiva. Independentemente do motivo, o ato de viajar sozinha é um poderoso instrumento de empoderamento feminino.
No entanto, viajar sozinha enquanto mulher também pode apresentar desafios únicos, desde preocupações com a segurança até enfrentar estereótipos e preconceitos. A experiência de viajar sozinha é também uma oportunidade de formar conexões significativas, tanto com outros viajantes quanto com os locais. A solidão, muitas vezes temida, raramente é uma companheira constante nessas jornadas, pois abrir-se para o novo naturalmente atrai conversas, amizades e até mesmo breves cumplicidades que enriquecem a viagem. Além disso, a viagem solo feminina desafia e expande as percepções sobre o que é ser uma mulher no mundo. Ela prova que a coragem de seguir sozinha não é apenas possível, mas também gratificante.
Os momentos de vulnerabilidade se transformam em fontes de força, e cada passo desconhecido reforça a confiança e a autoestima. No fim, viajar sozinha é uma celebração da independência feminina e um ato de auto amor. É uma declaração de que o mundo é tão nosso quanto de qualquer um e que nossas experiências, alegrias e desafios ao explorá-lo são válidos e valiosos. Para muitas mulheres, essas viagens são apenas o começo de uma vida repleta de aventuras, onde o único guia a seguir é o próprio coração.
Espero que todas vocês que ainda estão em dúvida sobre viajar solo ou não, se deem a oportunidade de experimentar essa sensação incrível, que nunca será perfeita, mas certamente irá valer cada segundo. No final da aventura é maravilhoso perceber que é possível se virar bem em qualquer lugar e circunstância, que é possível vencer as inseguranças e os medos em terras distantes e sem família e amigos na retaguarda.
Volto para casa transformada e recompensada, já pensando em repetir a experiência e com mais clareza ainda que eu, e apenas eu, sou responsável por viver minha vida em toda sua intensidade.