25/04/2025 – 08:58 – Rio de Janeiro
Nesta terça-feira (23/04), a Gas Bridge Comercializadora (GBC), afiliada da empresa argentina Pluspetrol, iniciou a importação de gás de Vaca Muerta, uma das maiores reservas não convencionais do mundo.
Vaca Muerta é formada por extensa área de um tipo de petróleo e gás de maior dificuldade de produção e extração e se encontra localizada em Neuquén, no norte da Argentina.
Segundo a Bloomberg, há previsão de que a região alcance 1, 2 milhão de barris por dia até 2033, equivalente a metade da produção atual da Petrobras.
A medida faz parte do Programa Gás para Empregar e visa ampliar a oferta de gás natural no país, que ainda é reduzida.
O coordenador de Regulação da Eneva S.A, Lucas Antoun Netto, explica que em razão do setor de gás natural compor uma indústria de monopólio natural, por si só já carrega um desafio de otimização de oferta e demanda. O que para ele pode mudar:
“No caso brasileiro, em que boa parte da demanda é de usinas termelétricas, dependentes do despacho [autorização do Operador Nacional do Setor Elétrico – ONS para operarem], o que é, portanto, imprevisível, torna esse desafio ainda mais presente. Por isso, é interessante, sob alguns aspectos, que a oferta total seja composta por uma parcela doméstica [nacional] e uma parcela importada.” Explica.
Além desta, as empresas como Edge Energy, Matrix Energia e MGas realizaram importações, utilizando rotas semelhantes via Bolívia. Entre as motivações desse mercado estão os custos. Em artigo da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado – Abegás, o gás argentino é apontado como mais atraente financeiramente, ficando a US$ 2 por milhão de BTUs (unidade de medida térmica), bem abaixo dos 14 US$ em vigor no país, excluindo impostos. Medida que pode contribuir para a universalização do produto nacionalmente e o seu barateamento.
Upstream, Midstream e Downstream reservam oportunidades para amplificar o setor
As diferentes etapas referentes à cadeia de abastecimento de petróleo e gás, também conhecidas pelo setor elétrico como Upstream, Midstream e Downstream (fase inicial, intermediária e final) oferecem grandes oportunidades de acordo com o coordenador. “É possível, no Upstream, discutir políticas de desconcentração de mercado, [ainda concentrado pela Petrobras], incluindo incentivos à exploração de bacias de nova fronteira”, como a Margem equatorial, por exemplo.
Antoun acrescenta ainda que no Midstream é fundamental avançar com a regulamentação da Nova Lei do Gás, especialmente para promover maior transparência às tarifas de transporte e acesso às infraestruturas e no Downstream [fase final], é necessário criar novas possibilidades de migração entre os mercados livre [de livre competição] e cativo [mais monopolizado], relevantes para a indústria, cada vez mais interessada em substituir seus combustíveis pelo gás natural. “O desfecho das discussões regulatórias em andamento será fundamental pois há espaço para aperfeiçoamento em todos os elos da cadeia.” Conclui.