O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 3,4% em 2024, impulsionado por altas na formação bruta de capital fixo, no consumo das famílias e nos resultados positivos da indústria e dos serviços. No entanto, o último trimestre do ano passado mostrou sinais de desaceleração, com uma expansão de apenas 0,2%, abaixo das expectativas do mercado e do governo, que estimavam uma alta de 0,4%.
Essa desaceleração abriu uma divergência entre as expectativas do governo, que projeta um crescimento de 2,3% do PIB em 2025, e as do mercado, que revisou suas projeções para abaixo de 2%, com alguns analistas falando em recessão técnica no segundo semestre. A expectativa de crescimento menor após quatro anos de altas acima dos 3% e a proximidade de um novo ciclo eleitoral com um governo de popularidade em baixa levaram a uma maior convicção entre agentes econômicos de que o governo adotará novas medidas de estímulo econômico.
Medidas de estímulo econômico
Para impulsionar o crescimento, o governo autorizou que trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) recebam R$ 12 bilhões em depósitos de recursos retidos. Desse total, R$ 6 bilhões serão pagos em março e outros R$ 6 bilhões em junho. Além disso, uma medida provisória modernizará as regras para concessão de crédito consignado para trabalhadores celetistas, com potencial de crescimento dessa linha de financiamento de R$ 40 bilhões para até R$ 130 bilhões.
Outra medida em preparação é um novo formato para custear o programa de auxílio gás, que atualmente atende quase 6 milhões de famílias e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu expandir para 22 milhões. O impacto fiscal desse aumento é estimado em R$ 15 bilhões. Além disso, o governo elabora uma proposta para isentar de Imposto de Renda (IR) quem recebe até R$ 5 mil mensais, com um custo projetado de R$ 35 bilhões.
Desafios e perspectivas
Apesar das medidas de estímulo, o Ministério da Fazenda se mantém firme no objetivo de respeitar a meta fiscal, que prevê um déficit primário de até 0,25% do PIB. No entanto, essas medidas podem pressionar a inflação, cuja estimativa cresceu por 19 semanas seguidas no boletim Focus, e manter os juros altos por mais tempo, o que pode deprimir a economia como um todo.
O Bank of America destacou que o crescimento de 2024 foi resultado da combinação dos efeitos defasados do afrouxamento da política monetária, iniciado em agosto de 2023, e de uma política fiscal expansionista no final de 2023 e início de 2024. Para o futuro, espera-se uma desaceleração do crescimento para 2,0% em 2025, à medida que a política monetária se torne ainda mais contracionista.