ARTIGO

Como toda boa história de amor essa daqui também vai ter seus altos e baixos e para começar já vamos falar sobre a nossa primeira quebra de expectativas. Meu noivo diz que, após o pedido de casamento, achava que levaria alguns meses para começarmos a organizar a cerimônia. Mas logo na semana seguinte, já tínhamos uma reunião agendada com a cerimonialista. Ai já foi o primeiro choque de realidade: ela cobrou quase vinte mil reais pela assessoria, e eu tão inocente, que pensava que com trinta mil daria para casar-se.

Mas vamos lá, respira! Calma! Vai dar tudo certo! Definimos a data para um ano depois, e para o meu espanto até questionaram se eu estava grávida, acharam muito rápido! Como assim? Um ano todo para organizar uma festa e ainda acharam pouco. Mas na verdade quando começamos a procurar o espaço a maioria dos salões de festa já estavam com as datas esgotadas e eu quase não consegui vaga com a maquiadora que eu sempre sonhei. Que loucura!

Eu sou super indecisa, mas no começo fui bem prática e objetiva, afinal, deve ser bom casar quando não é você quem paga, mas não foi o nosso caso. Então com um orçamento limitado, as escolhas se tornam necessárias, é preciso ter maturidade e priorizar o que realmente é importante.

Na segunda fase veio a lista de convidados, e ai você realmente percebe que é verdade o que todo mundo diz, essa é a parte mais difícil e chata de todo o processo. Como fazer um casamento pequeno se meu noivo quer chamar todos os amigos e minha família tem mais de 80 pessoas, e claro que ainda temos que considerar a lista surpresa dos amigos dos pais enviada de última hora.

Fase três e começamos finalmente a escolher os fornecedores, e é nesse momento que acontece a parte mais gostosa, literalmente, são muitas degustações, provas de vestidos, e onde o sonho vai tomando forma.


Mas claro que nem tudo são flores, e que bom, porque quando você descobre o quanto elas custam, socorro! Ai começam a surgir os desafios e perrengues: não podemos fazer isso no salão, precisamos falar com fulano, o ciclano não deixou, marca reunião, visita técnica… Meu Deus, faltam três meses e ainda não sabemos onde será a cozinha da festa! E a lua de mel? E como minhas coisas vão caber no apartamento novo? E agora? Deu certo? E o plano B? Vamos para o plano D então. Deu! Graças a Deus!

Ah, mas não se esqueça que enquanto você escolhe desde as forminhas dos doces, o cronograma de quem entra e sai primeiro na igreja, as 15 música que vão tocar, corre atrás dos mil documentos para o civil, procura um curso de noivos de menos de dois meses de duração e pensa até no kit do banheiro, sua vida continua acontecendo, você muda de emprego, o apartamento alaga e ainda tem que enfrentar a dor da partida de entes queridos. Não vou mentir e não teria como descrever de outra forma todo esse processo que não seja intenso!

Ufa! Até cansei! Mas a verdade é que escolhi compartilhar as adversidades com vocês, porque não posso simplesmente chegar aqui e dizer que é tudo um conto de fadas. Dizem que vamos sentir saudade dessa fase de noiva. Agora, sinceramente, duvido. Mas estão prontos para ouvir o maior absurdo de todos até agora? É que SIM, eu faria e viveria tudo isso de novo.

E vou explicar. Pode parecer loucura, mas sabe o que é a melhor parte de ser noiva para mim? É justamente conseguir superar todos os desafios juntos. Talvez quem já tenha vivido isso me entenda melhor, e quem ainda vai viver, espero que sinta o mesmo. Algo muda quando você fica noivo, não importa se você namora há um ano ou dez. Existe um compromisso ali que faz aquele relacionamento mudar de status e não tem a ver com um novo título, o anel no dedo e nem a festa. É difícil de explicar, precisa ser sentido, vivido! Até o sentimento se transforma, tudo se torna mais maduro, mais seguro, coisas que antes pareciam importantes se tornam tão irrelevantes. Acho que talvez seja o fato de que ser noivos é sobre não ter mais só o hoje e o amanhã, e sim sobre ter agora e o para sempre.

Durante esse ano todo de noivado, a sensação que tenho é que estamos num verdadeiro ensaio da vida de casados. Temos que enfrentar os problemas, tomar as decisões e comemorar cada conquista juntos, definir nossos planos para o futuro, prioridades e objetivos em comum. É um processo tão desafiador quanto delicioso, e é vivendo tudo isso que finalmente entendi que é aí que começa essa família, esse casamento. Em cima do altar apenas concretizamos o que por um ano escolhemos todos os dias: estar juntos, nos amando e respeitando por todos os dias das nossas vidas.



Foi vivendo intensamente cada um desses momentos que aprendemos que casamento vai muito além do amor, por mais enorme que ele seja. É necessário parceria, diálogo e paciência. Não sou mais somente eu ou ele, somos nós. Não é mais sobre dividir e ser 50%, é sobre multiplicar e ser 90% quando o outro só puder estar entregando 10%. É saber acolher, silenciar e falar de forma gentil, mesmo quando tem vontade de esbravejar. E experimentar o quão abençoado é a sensação genuína e única de felicidade, não só com as suas vitórias, mas com a conquista e o sucesso do outro.

E como está sendo importante para nós descobrir tudo que somos capazes de construir a dois. Que podemos até discordar, discutir, mas ter a certeza de que vamos resolver e fazer acontecer.

E quer saber, amor? Que orgulho eu tenho de nós! Daqui a 3 meses, quando eu entrar naquela igreja e você estiver me esperando no altar, espero que esteja chorando. Vamos olhar ao redor, ver todas as pessoas que amamos reunidas, celebrando nosso amor, e saber que juntos somos mais fortes e capazes de realizar tudo que quisermos. Hoje sinto que estamos prontos para não sermos mais noivos, mas SIM, apenas um só.

Vitória Veloso Mainel
Advogada e influenciadora