O picadinho me parece uma ode a tudo que é marcante na nossa culinária. A maestria sutil do ovo, a textura crocante de uma boa farofa, o aconchego de um bom arroz, o toque doce da banana e a suntuosidade de uma carne ao molho. Qual o seu preferido na cidade?
Aquele equilíbrio perfeito de texturas crocantes e macias, notas salgadas e doces, simplicidade e suntuosidade. O picadinho é ou não é um patrimônio nacional?
Quando a fama é grande, as histórias sobre a origem divergem. Muitos atribuem à ilha da Madeira, alguns dizem que a receita se popularizou em São Paulo, outros, na noite carioca do Copacabana Palace, mas, no fim das contas, “O picadinho revelou-se ideal para salvar vidas em horas mortas e recuperar disposições abaladas por uísques além da conta”, como melhor definiu o escritor Ruy Castro no livro “A noite do meu bem”.
Uma receita elaborada com carne picada na ponta da faca, levemente ensopada, acompanhada por arroz e farofa e “finalizada” por duas pérolas: uma banana que pode ou não ser empanada e um ovo com gema gelatinosa à mole. Uma combinação à qual, certamente, pode ser atribuída o poder de levantar ânimos.
Se já foi chique ou já foi pobre, pouco importa, hoje temos as mais variadas versões e preços deste prato que circula, com liberdade e tranquilidade, tanto por casas mais acessíveis quanto restaurantes sofisticados, mas que sempre faz a alegria do comensal. Conheça alguns clássicos e novatos da cidade.
Fred Restaurante – não sei se pioneiro, mas, certamente, a receita “secreta” do proprietário Alfred Gassner é hors concours quando o assunto é popularidade. Ainda hoje, hordas de clientes vão à casa buscando especificamente a especialidade, feita com Filé Mignon picado em ponta de faca, flambado e apurado em molho roti especial da casa, com tomate, cebola, pimentão, páprica picante, champignon e bacon. Acompanha farofa de pão, banana à milanesa, ovos pochê e arroz branco. (99,00/169,00)
Casa de Vó, Comida de Afeto – a casa já tem uma boa estrada na cidade, mesmo escondidinha na bucólica Vila Planalto, onde se abriga numa real casa de Vó. A receita da Chef inova ao propor uma versão com a banana já picada em meio ao molho da carne, com cogumelo Paris, um toque de creme de leite, acompanhada de arroz com ovo e batatas portuguesas bem sequinhas. (44,00)
Le Birosque – nem só de porco vive o Le Birosque. O picadinho da casa é dos mais completos que conheço e, apesar de parecer que haverá excesso de informações, cada ingrediente complementa o outro lindamente, de maneira equilibrada. O filé ao demi glace, o arroz, a farofa crocante, o toque suíno na linguicinha, além da banana grelhada e do ovo perfeito! É um dos meus pratos preferidos da casa e ponto final (não achei o preço no cardápio, mas deve ser na faixa dos 45,00-55,00).
Zé Torresmo – esse novato está dando muito o que falar, simplesmente porque resolveu pegar um alto nível gastronômico em termos de ingrediente e preparo artesanal para aplicar num lugar que é totalmente inspirado em botecos antigos do Goiás. Estamos falando de estufa com torresmo de barriga, bolinhos, além do PF do dia e dos pratos com Viradão a paulista. Mas o que interessa é que toda sexta-feira, a casa oferece o Picadinho, com molho bem gostoso, arroz, farofa, banana, ovo de gema mole e, ainda, um pastelzinho de queijo que é um pecado!! (48,00)
Serviço
Fred Restaurante
CLS 405 Bloco B, Asa Sul
R. Manacá, 01, Águas Claras
Casa de Vó, Comida de Afeto
Acamp. D.F.L, rua 05, lote 02 Vila Planalto
Le Birosque
CLS 408 BL D LOJA 1 – Asa Sul, Brasília – DF, 70257-540
Telefone: (61) 99368-4263
Zé Torresmo
CLN 115 bloco C – Asa norte