Os maus-tratos infantis são uma grave violação dos direitos das crianças, manifestando-se de diversas formas, como abuso físico, emocional, sexual e negligência. Normalmente, as discussões sobre violência doméstica e abuso focam nas mulheres como vítimas, o que é compreensível devido à prevalência desses casos. No entanto, há um crescente número de relatos de homens que sofrem violência doméstica e abuso psicológico por parte de mulheres. É importante reconhecer e dar voz a esses casos, como o de um pai solo que compartilhou sua experiência comigo.
Esse pai relatou uma experiência de abandono e negligência por parte da mãe de seus filhos. Após o nascimento da primeira filha, ele e a mãe ficaram juntos por cerca de dois anos. Com a separação, a mãe deixou a criança com a avó paterna e passou meses viajando sem perguntar pela filha. Ele, com a ajuda de sua mãe, criou a filha até que a mãe tentou reassumir a guarda, mas a negligência foi evidente, com a escola frequentemente ligando para relatar que a mãe esquecia de buscar a menina e não cuidava adequadamente dela. Diante dos maus-tratos comprovados, ele conseguiu a guarda novamente.
Anos depois, eles se reencontraram e tiveram um segundo filho. Novamente, a mãe entregou o bebê ao pai e à avó quando ele tinha apenas seis meses. Mais tarde, ela pegou o menino da escola sem aviso, mas continuou sem assumir qualquer responsabilidade financeira ou emocional. Após diversas ocorrências e intervenções do conselho tutelar, o pai finalmente obteve a guarda definitiva dos dois filhos.
Este caso ilustra vividamente a realidade da alienação parental e do abuso psicológico sofrido por alguns homens. Assim como muitas mães utilizam estratégias de manipulação para influenciar negativamente a percepção dos filhos sobre o pai, há também mães que negligenciam e abusam emocionalmente dos pais, causando danos profundos.
Dados recentes destacam que a violência contra homens está aumentando. Segundo um relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2022, o número de homens que denunciaram violência doméstica subiu 12% em relação ao ano anterior. A pesquisa “Violência Doméstica contra Homens” da Unesp revelou que cerca de 15% dos homens relataram já terem sofrido algum tipo de violência por parte de suas parceiras. Esses números, embora menores que os das mulheres, são significativos e mostram uma tendência crescente.
Os pais solos enfrentam desafios enormes. Eles precisam garantir estabilidade emocional e financeira para seus filhos, além de combater os efeitos negativos da alienação parental. Estudos mostram que crianças criadas por pais solos podem prosperar tanto quanto aquelas em famílias biparentais, desde que recebam o apoio necessário. A resiliência desses pais é visível em suas histórias de dedicação e sacrifício.
Os maus-tratos infantis e a alienação parental exigem uma abordagem complexa e multifacetada. É fundamental reconhecer e valorizar o papel dos pais solos que, apesar dos desafios, proporcionam um ambiente seguro e amoroso para seus filhos. Além disso, é crucial que o sistema judicial e a sociedade apoiem esses pais e intervenham eficazmente para proteger as crianças dos danos emocionais e psicológicos causados pela manipulação e abuso parental.
A conscientização e a educação sobre esses temas são essenciais para construir um futuro onde todas as crianças possam crescer em um ambiente seguro, protegido e cheio de amor. Reconhecer e apoiar os esforços dos pais solos e dar visibilidade às vítimas masculinas de violência doméstica são passos vitais nessa direção.
Se você suspeitar de maus-tratos infantis, denuncie imediatamente. No Brasil, o Disque 100 é um serviço do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que recebe denúncias de violência contra crianças e adolescentes, garantindo o sigilo e a devida apuração dos casos. Faça sua parte para proteger as crianças e garantir um futuro melhor para todos.