Projeto entra na última semana de atividades e se despede no domingo 11 de agosto em grande evento aberto ao público com lavagem ritualística, roda de capoeira e festival de acarajé

O Projeto Águas de Oxalá realiza seu último e quarto ciclo de oficinas de 05 a 09 de agosto, encerrando as atividades em 10 de agosto com uma grande celebração aberta ao público na Kwe Oya Sogy- Associação Papo de Mãe, em Samambaia.  “Estou profundamente orgulhosa e emocionada com os resultados alcançados com o projeto. Foi tudo feito com muito carinho, cuidado e equilíbrio.  Ao lado da equipe, pudemos levar a mensagem de Águas de Oxalá e combater a intolerância e o racismo religioso. Mostramos a nossa cultura através dos rituais de lavagens, cânticos, orixás, culinária, mensagem de paz e muito acolhimento. O sentimento é de realização e de entusiasmo para realizar outras edições, abrangendo outras regiões do Distrito Federal”, afirma Mãe Francys Baiana do Acarajé, à frente do projeto.  

Crédito: Ògan Luiz

Com a participação dos inscritos e presença da comunidade e de convidados, o encerramento será marcado por um cortejo de fé, união e devoção a santos católicos e a orixás do candomblé. Logo no início, acontece o encontro de integrantes do Ritual da Lavagem vestidos de branco com os capoeiristas, simbolizando o encontro das águas. Em seguida, os integrantes “lavam” o local com água de cheiro, ao som de toques de atabaque e cânticos afro-religiosos, numa celebração ecumêmica. Ao final, todos confraternizam com música e um delicioso festival de acarajé nesta tradição vem sendo difundida por Mãe Francys há cerca de três anos no Distrito Federal, principalmente em Samambaia.

O projeto, aberto ao público, realizou oficinas no Espaço Cultural de Samambaia, GRES Águia Imperial, na Ceilândia, Instituto AMPB, no Sol Nascente e na Kwe Oya Sogy. Nesses encontros foram desenvolvidos os seguintes temas: significado e história das Lavagens Ritualísticas de matriz africana, cantos do Ritual das Lavagens e realização de práticas vocais, Atividades práticas de técnicas de percussão, culinária utilizada nos Rituais e Lavagens e seus significados e confecção das vestimentas e das indumentárias utilizadas nas Lavagens.  

Sincretismo religioso e tradição cultural centenária estão nas raízes do projeto Águas de Oxalá. Além de celebrar essa rica manifestação cultural e religiosa nascida na Bahia, Águas de Oxalá cumpre o importante papel de dar visibilidade à cerimônia, ajudando a preservar valores formadores da identidade nacional. Ao mesmo tempo, produz informação clara para auxiliar outros segmentos da sociedade a superarem posturas racistas e preconceituosas, na medida em que compartilha a mensagem ampla de paz e congraçamento representada pelas lavagens. O projeto Águas de Oxalá é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, através da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal e conta com o apoio da Gerência do Complexo Cultural de Samambaia.

Ao longo do projeto, além da participação dos inscritos e da comunidade, Águas de Oxalá recebeu a visita de Érika Kokay, deputada federal; Christine Alves Bastos, da Subsecretaria de Assuntos Constitucionais, da Secretaria Executiva de Relações Parlamentares, da Casa Civil do Governo do Distrito Federal e Yá Gilda, coordenadora-geral de promoção da liberdade religiosa do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

O Projeto Águas de Oxalá é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.

Origem

As cerimônias de lavagem surgiram como rituais de purificação e renovação do universo das religiões afrodescendentes. Os povos escravizados, forçados a abandonar suas crenças, religiões e culturas na África, foram impedidos de praticar livremente sua fé no Brasil. Como resultado, houve o surgimento de um sincretismo religioso, que incluiu a devoção à Nossa Senhora Aparecida e outros santos. A sua origem se dá, precisamente, na escadaria da Igreja Nosso Senhor do Bonfim, patrimônio imaterial do Brasil.

Ritual importante para a população e os herdeiros culturais da África, a Lavagem representa a limpeza de todos os males, incluindo pensamentos negativos, intolerância e racismo religioso. Ela é feita com água e ervas preparadas pelos sacerdotes dessas religiões, onde a água, o elemento sagrado, é usada para purificar o corpo e a alma.

Sobre Mãe Francys Baiana do Acarajé ou Doné Francys de Oyá

A liderança que conduz este projeto é uma autoridade reconhecida em todo Distrito Federal como representante de expressões afrodescendentes e possui uma longa trajetória de organização e realização de ações culturais dessa natureza. Mãe Francys está à frente da a Associação Papo de Mãe – Kwe Oyá Sogy atua na religiosidade há 16 anos. O Candomblé é uma religião afro-brasileira com várias tradições e nações diferentes, como Ketu, Angola, Jeje, entre outras. Cada uma delas pode ter práticas específicas relacionadas à lavagem religiosa e outros rituais. A lavagem religiosa é fundamental no Candomblé para manter a pureza espiritual, honrar os orixás e fortalecer a conexão entre os praticantes e o divino.

Cronograma

Oficina 4 (restrita a 20 pessoas): 

Data: de 05 a 09/08

Horário: das 15 às 18:00

Ritual de Lavagem: 10/08, às 17h

Local: Kwe Oya Sogy- Associação Papo de Mãe (Samambaia)

Serviço:

Inscrições no local das oficinas ou através de link disponibilizado nas redes sociais do projeto

Mais informações: aguasdeoxaladffac@gmail.com

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