Por redação Imprensa Brasília

A pista de atletismo do Estádio Augustinho Pires de Lima, em Sobradinho 1, voltou ao centro das atenções — mas desta vez, não por seus atletas de alto rendimento, e sim por reclamações da comunidade sobre o acesso ao espaço. Conhecido por ter sido palco dos treinos do medalhista olímpico Caio Bonfim, o estádio enfrenta críticas pela suspensão abrupta do uso livre da pista, que passou a exigir autorização individual desde o dia 8 de junho de 2025.

Denúncia da comunidade

Moradores da região relatam que foram surpreendidos pela nova exigência, imposta pela vigilância local sem aviso prévio ou comunicado público. Segundo os relatos, não há placas no local indicando regras de funcionamento, tampouco informações disponíveis no site da Secretaria de Esporte e Lazer do DF (SEL-DF). A falta de transparência gerou transtornos, especialmente para aqueles que utilizavam a pista para treinos voltados ao Teste de Aptidão Física (TAF) de concursos públicos.

“Treinávamos aqui há anos. De repente, fomos barrados sem nenhum aviso. Tenho prova marcada e não tenho onde correr,” afirmou um dos moradores afetados.

Nas rede social da região assunto também causou comentários:

Reformas prometidas e não concluídas

O estádio foi alvo de promessas de revitalização em agosto de 2024, após repercussão internacional das condições precárias em que Caio Bonfim treinava. Apesar da visibilidade do caso e do anúncio de investimentos, os moradores alegam que as obras não avançaram, sendo limitada à pintura do muro externo — sem qualquer intervenção na pista de atletismo.

O Estádio Augustinho Lima passou por reformas anunciadas em setembro de 2024, com investimento inicial de R$ 642 mil, incluindo pintura, manutenção elétrica e hidrossanitária, além de limpeza geral. A revitalização foi impulsionada pela repercussão da medalha de prata conquistada por Caio Bonfim nas Olimpíadas de Paris, que treinava no local em condições precárias. A pista de atletismo, em especial, foi prometida como prioridade na reforma, mas até o momento, segundo moradores, apenas o muro externo foi pintado — sem melhorias efetivas na estrutura da pista.

foto cedida ao Imprensa Brasília

O que dizem as normas

O Decreto Distrital nº 45.269/2023 prevê que os espaços públicos esportivos geridos pela SEL-DF podem ser utilizados mediante autorização formal, especialmente quando há conflitos de agenda com eventos oficiais. Já a Portaria nº 338/2013 indica que esses locais devem atender à comunidade de maneira democrática, respeitando seu caráter participativo e de lazer.

A exigência de autorização individual, sem divulgação ou critério transparente, é vista por moradores como uma medida excludente e arbitrária.

Posicionamento da Secretaria

Após o pedido de esclarecimentos feito pela Imprensa Brasília, a SEL-DF encaminhou nota oficial explicando os motivos da restrição. A pasta afirma que a pista é um espaço público de uso compartilhado, e que atualmente é utilizada prioritariamente por atletas do Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO) e alunos do Centro Olímpico da região, com idades entre 4 e 17 anos. Para evitar conflitos e preservar a integridade dos treinos, foi adotado controle rigoroso do uso, mas sem a intenção de excluir a população.

A secretaria informou ainda que está em tratativas para regulamentar o uso comunitário, com a definição de horários específicos para a população, desde que não prejudiquem as atividades esportivas oficiais. Também reforçou que é proibido o uso da pista para fins comerciais, como por assessorias esportivas ou profissionais de educação física com fins lucrativos.


Nota oficial da Secretaria de Esporte e Lazer do DF

A Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal informa que a pista de atletismo do Estádio Augustinho Pires de Lima, em Sobradinho, é um espaço público de uso compartilhado, com acesso sujeito a normas específicas que visam garantir a segurança e a organização das atividades realizadas no local.

Atualmente, o espaço é utilizado prioritariamente para os treinamentos diários dos atletas do Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO) e dos alunos do Centro Olímpico da região, com faixa etária entre 4 e 17 anos — o que exige controle rigoroso do uso para evitar conflitos e garantir a integridade dos treinos.

O uso da pista por pessoas externas à programação oficial está sendo regulamentado. A proposta de definição de horários específicos para a comunidade está em fase de tratativas, de forma que esse uso ocorra sem prejuízo às atividades formativas já em andamento.

A Secretaria reforça que é vedado o uso da pista para fins comerciais ou por assessorias esportivas e profissionais de educação física com fins lucrativos, conforme as normas de uso vigentes.

Seguimos trabalhando para garantir o acesso democrático aos equipamentos esportivos, sempre com responsabilidade, segurança e respeito à finalidade de cada espaço.

Permanecemos à disposição para mais esclarecimentos.


Imprensa Brasília continuará acompanhando o caso e cobrando transparência e diálogo entre governo e comunidade. Os moradores de Sobradinho 1 não querem privilégios — querem apenas manter seus passos firmes na direção dos próprios sonhos.