Araucária, PR – Um flagrante de maus-tratos em uma escola particular da Região Metropolitana de Curitiba chocou o país. Um menino autista de 4 anos, não verbal, foi encontrado amarrado a uma cadeira dentro do banheiro da instituição, com os braços presos por fita e o corpo contido por um cinto. O caso, revelado pelo programa Fantástico, levou à indiciamento por tortura de uma funcionária e abriu espaço para uma série de novas denúncias envolvendo outras crianças e práticas recorrentes na escola.

O flagrante e a denúncia
A descoberta foi feita por uma funcionária que já havia presenciado o menino amarrado em outra ocasião. Ao vê-lo novamente contido no banheiro, ela fotografou a cena e enviou a imagem ao vereador Leandro Andrade, que acionou a Guarda Municipal e o Conselho Tutelar.

“Ele batia os pezinhos, como se pedisse ajuda”, relatou uma conselheira tutelar ao abrir a porta do banheiro.

Outros relatos e provas
Após o caso vir à tona, outras funcionárias e famílias denunciaram situações semelhantes. Uma menina de 3 anos foi fotografada amarrada em uma cadeira, aparentemente dormindo. Áudios entregues por professoras mostram a diretora da escola admitindo a prática de contenção, sugerindo apenas que fosse feita em outro local ou por outro funcionário.

Indiciamento e investigação
A funcionária Sara Maria Erdeman Correia, de 18 anos, foi presa em flagrante e indiciada por tortura. Ela alegou ter agido com autorização de uma estagiária. A diretora da escola, Danieli Alexandra Zimermann, negou envolvimento direto, mas o delegado responsável afirmou que há provas robustas de práticas recorrentes, inclusive denúncias anteriores que não resultaram em punições.

Falta de preparo e negligência institucional
A investigação revelou que a escola mantinha profissionais sem formação adequada, incluindo menores de idade, e apresentava alta rotatividade de funcionários. A estrutura física também levantou suspeitas, como cadeiras com tiras fixas, sugerindo uso frequente para contenção.

Repercussão e medidas emergenciais
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) criou um Grupo Interdisciplinar para acompanhar o caso e garantir que os direitos das crianças sejam respeitados. O Conselho Tutelar transferiu o menino para outra escola e segue monitorando a situação.