Por Lulu Peters

Brasília está cheia de casas japonesas. Algumas mais tradicionais, outras menos. E acho que, de uns anos para cá, as pessoas começaram um escrutínio desnecessário sobre quão nipônica uma casa realmente deve ser para ser considerada boa.

Ora, quem não estiver numa missão específica para encontrar o menu mais rigorosamente japonês possível, pode se entregar à exploração de novos sabores. Afinal, comida gostosa não precisa ter sempre uma cidadania oficial.

Tenho reparado que o Noru, apesar de premiado como uma casa japonesa e do seu compromisso com o respeito e a execução dentro dos parâmetros tradicionais, tem uma aptidão sensacional de promover misturas, encontros e sabores originais. A cozinha de fusão ainda existe e vai muito bem, obrigada.

Dentro da seara do sushi e sashimi, a casa oferece ingredientes raríssimos e tem uma respeitável carta de sakês, além de pratos quentes tradicionais, mas também tem drinks autorais, pratos à base de carnes e influências internacionais diversas, além de temperos e sabores que surpreendem. Então, sim, o Noru é um restaurante com inspiração nipônica, mas é também um laboratório de fusões bem pensadas, onde ingredientes de excelência e combinações inusitadas são a regra, não a exceção.

Não é o lugar mais barato da cidade, e a razão é clara já ao folhear o cardápio: King Crab – o carangueijo gigante do Alaska -, vieiras canadenses, camarão carabineiro, enguia, atum bluefin importado… a matéria-prima ali é digna de passaporte carimbado e, como tudo que vem de longe (e é bom), custa mais caro. Mas se você é do tipo que investiga antes de pedir e curte conhecer novos sabores, vale a visita — e aqui vão algumas pistas para não errar.

Entre as entradas, um achado para compartilhar: os tacos de Flat Iron com maionese kewpie (R$90/5un). A crocância da massa, a suculência da carne e o toque cremoso, levemente picante, da kewpie com sriracha deixam tudo no ponto certo. Se o bolso permitir, o tartare de King Crab (R$149) é daqueles pratos que param a mesa. Mas não subestime o tartare de atum em cubos com cebolinha, ovas de massago, maionese kewpie e molho de pimenta (R$ 60) — fresco, leve e muito bem temperado.

No universo dos niguiris, o Bluefin Otoro (R$130/dupla) é a realeza: corte mais nobre do atum, untuoso, quase manteiga. Não dá para todos, eu sei. Mas dá para se encantar com a dupla de camarão carabineiro (R$ 94,81) ou com o gunkan ikura, recheado de ovas de salmão (R$64/dupla).

Entre as novidades, o Misso Lamén Buta (R$60) ganhou meu coração: udon, shimeji refogado, pancetta selada e cozida, misso shiro, alga marinha, ovo e cebolinha. É conforto em forma de tigela. E, para quem quer conhecer a casa sem comprometer o orçamento, o Noru agora oferece pratos executivos no almoço (terça a domingo, das 12h às 15h). Tem o Ebi Tamago (R$99), com camarão tempurá e ovo onsen sobre arroz japonês; o Teppan Shake ao vinagrete de manga (R$70), um filé de salmão com batata-doce e molho ponzu; a Tilápia empanada com purê de abóbora (R$70); e o surpreendente Pirarucu maçaricado na mesa (R$70), acompanhado de legumes salteados e molho ponzu, que também agradou a mesa e não foi pouco.

Para quem pode gastar um pouco mais, considere o menu omakase de 10 etapas — é um mergulho completo no espírito da casa. Mas saiba: o Noru também é democrático para quem só quer um bom drinque, um saquê gelado e uma entrada bem feita. O que importa é estar aberto ao jogo de sabores que eles sabem fazer tão bem.

Noru Sushi Lounge

Cond. Stylo, CLNW 10/11 BL B Lojas 2 e 3 – Noroeste

Telefone: (61) 99554-0336

https://www.instagram.com/norusushi