Com estimativa de mais de 71 mil novos casos anuais de câncer de próstata no Brasil, especialistas do Hospital Santa Lúcia reforçam que prevenção masculina inclui também coração, pulmões, intestino, metabolismo e saúde sexual; veja

Brasília, novembro de 2025 – A campanha mundial do Novembro Azul reforça que a saúde masculina vai muito além dos cuidados com a próstata. Com base em estudos recentes mostrando aumento de casos em homens mais jovens e limitações de exames tradicionais, seja por negligência ou por falta de conhecimento, os especialistas do Hospital Santa Lúcia reforçam a importância do cuidado integram com a saúde do homem em 360º, envolvendo oncologia, urologia, coloproctologia, cirurgia torácica, pneumologia e cardiologia, com orientações específicas para as faixas dos 30, 40, 50 e 60+ anos.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o tumor mais incidente entre os homens brasileiros (excluindo pele não melanoma), com estimativa de 71.730 novos casos por ano no triênio 2023–2025, o que representa cerca de 30% de todos os cânceres masculinos no país. No Distrito Federal, a projeção do INCA indica, aproximadamente, 460 novos casos anuais de câncer de próstata em homens, dentro de um universo de 7,3 mil novos cânceres estimados por ano entre 2023 e 2025.

PSA “normal” não é sinônimo de risco zero

Um dos focos da campanha é ajudar o homem a entender que “exame em dia” não significa risco zero. O antígeno prostático específico (PSA) e o exame físico (toque retal) continuam centrais no rastreamento, mas não esgotam a investigação mais aprofundada. Estudos internacionais mostram que mesmo com PSA abaixo de 4 ng/mL – faixa tradicionalmente considerada de baixo risco – ainda há detecção de câncer de próstata em uma proporção relevante de pacientes.

Em um estudo norte-americano publicado em periódico científico, Translational Oncology, os autores analisaram um grupo de homens pesquisados com diferentes faixas de PSA. A taxa de detecção de câncer chegou a 21,6% em homens com PSA abaixo de 4 ng/mL, após biópsia prostática. Em paralelo, diretrizes de rastreamento e materiais educativos mostram que, mesmo com PSA abaixo de 4 ng/mL, cerca de 15% dos homens podem ter câncer na biópsia, e que, na faixa de PSA entre 4 e 10 ng/mL, aproximadamente 1 em cada 4 homens terá diagnóstico positivo para o tumor.

“Resultados normais de PSA e toque não eliminam completamente o risco. Eles reduzem a chance de que um câncer de próstata localizado evolua para doença avançada ou metastática, mas não substituem o acompanhamento regular e individualizado”, explica o médico oncologista do Hospital Santa Lúcia, Dr. Paulo Bergerot. Segundo ele, quando o tumor é detectado ainda localizado e de pequeno volume, as chances de cura podem ultrapassar 90%, enquanto a doença metastática continua sendo um grande desafio terapêutico.

Câncer de próstata cresce entre homens mais jovens

Outro alerta importante dos especialistas é o crescimento dos casos em faixas etárias mais precoces. Dados do Ministério da Saúde, compilados em novembro de 2025, mostram que o número de atendimentos por câncer de próstata em homens com até 49 anos aumentou 32% entre 2020 e 2024, passando de 2,5 mil para 3,3 mil procedimentos no SUS.

Especialistas apontam que esse movimento está relacionado a três grandes fatores: estilo de vidagenética e diagnóstico mais precoce em alguns grupos, que têm acesso a exames antes da idade tradicionalmente recomendada. “Hoje vemos tumores aparecendo antes dos 60 anos com muito mais frequência. Isso torna ainda mais urgente falar de estilo de vida, tabagismo, sedentarismo, peso corporal, alimentação e sono – não apenas do PSA, por exemplo”, reforça o oncologista.

No Distrito Federal, onde o câncer de próstata figura entre os tumores mais incidentes, o cenário exige vigilância contínua e integração entre diferentes especialidades para acompanhar o paciente ao longo de toda a jornada de cuidado – da prevenção ao tratamento.

Saúde do homem em 360º

A campanha do Hospital Santa Lúcia propõe um olhar integrado para a saúde masculina, articulando seis áreas médicas:

·       Oncologia – prevenção e tratamento dos principais cânceres masculinos (próstata, pulmão, intestino, pele, bexiga, cabeça e pescoço);

·       Urologia – rastreamento de câncer de próstata, saúde sexual, doenças do trato urinário e genital masculino;

·       Coloproctologia – prevenção de câncer de intestino e reto, tratamento de hemorroidas, fissuras e outras doenças orificiais;

·       Cirurgia Torácica – abordagem de nódulos pulmonares, tumores torácicos e doenças da pleura e mediastino, com foco em técnicas minimamente invasivas;

·       Pneumologia – diagnóstico e manejo de DPOC, asma, doenças intersticiais, apneia do sono e câncer de pulmão;

·       Cardiologia – avaliação de risco cardiovascular, hipertensão, arritmias, infarto, insuficiência cardíaca e relação entre coração e outros fatores de risco oncológico.

“É fundamental que o homem seja visto como um todo. Aos 40, 50 ou 60 anos, ele não tem apenas próstata: tem coração, intestino, pulmões, metabolismo, sono. Um problema em uma área frequentemente se conecta a outra”, resume o urologista e uro-oncologista do Hospital Santa Lúcia, Dr. Carlos Watanabe, e especialista em cirurgia robótica e câncer de próstata.

Como parte das ações de conscientização do Novembro Azul, o Hospital Santa Lúcia montou uma ativação no Brasília Shopping, que estará à disposição da população até o dia 26 de novembro. No local, o público poderá conhecer informações sobre prevenção, sinais de alerta, hábitos de vida e exames recomendados para cada faixa etária em um site criado especialmente para a data.

A iniciativa busca aproximar o cuidado masculino da rotina dos brasilienses, ampliando o acesso a conteúdos educativos e reforçando a importância do diagnóstico precoce. O espaço também destaca materiais informativos sobre câncer de próstata, cardiologia, saúde sexual, câncer de intestino e doenças pulmonares, além de acesso aos canais de atendimento para adotar uma rotina preventiva.”

O que todo homem deve investigar aos 30, 40, 50 e 60+ anos

1 – Exames e cuidados por faixa etária

Aos 30 anos

·       Oncologia

o   Revisar histórico familiar de câncer (próstata, intestino, pulmão, estômago, pele);

o   Iniciar mudanças estruturais de estilo de vida: zero tabaco, atividade física regular, peso saudável.

·       Urologia

o   Primeiro check-up urológico: conhecer o próprio corpo, tirar dúvidas sobre função sexual e urinária;

o   Avaliar alterações nos testículos e lesões em pênis (HPV, verrugas, feridas).

·       Coloproctologia

o   Procurar o especialista em caso de sangramento ao evacuar, dor anal, diarreia ou constipação frequentes.

·       Cirurgia Torácica / Pneumologia

o   Avaliação clínica se houver tosse crônica, chiado, falta de ar ou exposição ocupacional a poeiras/químicos.

o   Radiografia de tórax em casos selecionados.

·       Cardiologia

o   Medir pressão arterial, glicemia e colesterol, principalmente em homens com sobrepeso, sedentarismo ou histórico familiar de infarto precoce.

Dos 40 aos 49 anos

·       Oncologia / Urologia

o   Iniciar, em geral entre 40 e 45 anos (sob indicação médica), a discussão sobre rastreamento do câncer de próstata, especialmente em homens com:

§  histórico familiar (pai, irmão, tio) com diagnóstico precoce;

§  homens negros (maior risco relativo);

§  antecedentes de PSA elevado.

o   Avaliar PSA e toque retal conforme risco individual.

·       Coloproctologia

o   A partir dos 45 anos, iniciar colonoscopia para rastreamento de câncer de intestino, mesmo sem sintomas, com repetição em intervalos de cerca de 5 anos se o exame for normal.

·       Cirurgia Torácica / Pneumologia

o   Para fumantes ou ex-fumantes com carga tabágica importante, considerar tomografia de tórax de baixa dose para rastreamento de câncer de pulmão, conforme indicação do pneumologista.

o   Realizar espirometria em presença de tosse crônica, dispneia ou chiado.

·       Cardiologia

o   Check-up cardiológico estruturado: eletrocardiograma, ecocardiograma e teste ergométrico podem ser indicados conforme risco.

o   Monitorar pressão, glicemia, colesterol e circunferência abdominal.

Dos 50 aos 59 anos

·       Oncologia / Urologia

o   Manter rastreamento anual de câncer de próstata, com PSA, toque retal e, quando necessário, ressonância magnética de próstata ou biópsia dirigida.

·       Coloproctologia

o   Repetir colonoscopia periódica para detecção e remoção de pólipos (lesões pré-malignas).

·       Cirurgia Torácica / Pneumologia

o   Em fumantes e ex-fumantes, manter tomografia de baixa dose anual para rastreamento de câncer de pulmão.

o   Reforçar vacinas respiratórias (influenza, pneumocócica) em grupos de risco.

·       Cardiologia

o   Intensificar avaliação de risco cardiovascular global (escore de risco, exames de imagem quando indicados).

o   Investigar sintomas como dor no peito, falta de ar, palpitações, inchaço em pernas e cansaço desproporcional.

Aos 60 anos ou mais

·       Oncologia / Urologia

o   Manter rotina de rastreamento de próstata definida com o médico, considerando expectativa de vida, comorbidades e riscos.

o   Vigilância para outros cânceres frequentes: intestino, pulmão, bexiga, pele, cabeça e pescoço.

·       Coloproctologia

o   Colonoscopia em intervalos definidos pelo achado anterior.

o   Atenção redobrada a sangramentos anais, mudança do hábito intestinal e perda de peso.

·       Cirurgia Torácica / Pneumologia

o   Repetir tomografia de tórax e espirometria conforme orientação.

o   Investigar roncos intensos, pausas respiratórias e sonolência diurna (apneia do sono).

·       Cardiologia

o   Controle rigoroso de hipertensão, diabetes, arritmias, insuficiência cardíaca e prevenção secundária em quem já teve infarto ou AVC.

Mitos e verdades sobre a saúde do homem

O que dizem os especialistas do Hospital Santa Lúcia:

1. ONCOLOGIA – Dr. Paulo Bergerot

Pergunta: Mesmo com exames de PSA e toque retal em dia, alguns homens ainda podem receber diagnóstico de câncer de próstata. O que explica isso e por que é importante manter o acompanhamento regular?

Resposta: “Resultados normais de PSA e de toque retal reduzem, mas não eliminam o risco de câncer de próstata. Em estágios muito iniciais, o tumor pode não alterar o exame de sangue nem ser palpável. Por isso é tão importante manter consultas periódicas a partir dos 40–45 anos, avaliar histórico familiar, estilo de vida e, quando necessário, lançar mão de exames mais avançados, como ressonância magnética e biópsias dirigidas.”

Pergunta: Quais outros tipos de câncer merecem atenção especial dos homens após os 40 anos?

Resposta: “Além da próstata, o homem deve ficar atento aos cânceres de pulmão, intestino (colorretal), pele, estômago, bexiga e tumores de cabeça e pescoço. Muitos deles têm fatores de risco compartilhados, como tabagismo, álcool, sedentarismo e dieta pobre em frutas e vegetais – o que reforça o peso do estilo de vida na prevenção.”

Pergunta: Como o estilo de vida impacta na prevenção dos cânceres mais prevalentes entre os homens?

Resposta: “Costumo resumir em cinco grandes mudanças: parar de fumar; praticar pelo menos 150 minutos de atividade física por semana; manter IMC abaixo de 27; limitar o álcool a poucos drinques por semana; e investir em alimentação rica em vegetais e grãos integrais, com sono regular de 7 a 9 horas. Só essas medidas já reduzem, de forma importante, o risco de câncer de pulmão, próstata, intestino e bexiga ao longo da vida.”

2. UROLOGIA – Dr. Carlos Watanabe |

Pergunta: Além do câncer de próstata, que outros problemas urológicos merecem atenção?

Resposta: “Os homens devem ficar atentos a alterações nos testículos, como aumento de volume, nódulos ou dor, e a doenças no pênis, incluindo lesões por HPV que podem provocar verrugas genitais ou mesmo câncer de pênis. O diagnóstico precoce é fundamental: qualquer mudança na região genital deve ser relatada ao médico o quanto antes.”

Pergunta: O que mudou nos últimos anos em relação ao diagnóstico e tratamento das doenças urológicas masculinas?

Resposta: “Houve um grande salto tecnológico. Exames de imagem de alta precisão, inteligência artificial e maior acesso à cirurgia robótica transformaram o cuidado. A pandemia também reforçou a importância de não adiar consultas e rastreamentos, para evitar que doenças potencialmente agressivas sejam descobertas tardiamente.”

Pergunta: O que todo homem deve investigar aos 30, 40/50 e 60+ anos?

Resposta: “Aos 30 anos, é hora de conhecer o próprio corpo e fazer o primeiro check-up urológico. Aos 40, a prioridade passa a ser a estratificação de risco para câncer de próstata e a mudança de hábitos que vão impactar as décadas seguintes. A partir dos 50 e 60 anos, entra a fase em que muitas doenças são, de fato, diagnosticadas – por isso é essencial estar acompanhado por uma equipe que avalie o paciente como um todo, incluindo exames como colonoscopia, endoscopia, avaliação cardiológica e metabólica mais ampla.”

3. COLOPROCTOLOGIA – Dr. Dannilo B. Silveira

Pergunta: Por que ainda existe tanta resistência dos homens aos exames da região anal?

Resposta: “Existe um tabu muito grande em relação aos exames feitos na região do ânus. Muita gente associa o toque retal apenas à próstata e esquece que o mesmo exame pode identificar tumores de reto, por exemplo. Em grande parte dos casos, exames como retossigmoidoscopia e colonoscopia são feitos hoje sob sedação, com conforto e segurança, e têm enorme impacto na prevenção do câncer de intestino.”

Pergunta: Além do câncer, quais sinais da região anal merecem atenção?

Resposta: “Sangramento ao evacuar, dor anal, fissuras, sensação de intestino sempre preso ou muito solto e diarreias frequentes não devem ser ignorados. Na maioria das vezes, estamos falando de doença hemorroidária ou fissuras, que podem ser tratadas com orientações de dieta e medicamentos. Se a pessoa demora a procurar ajuda, algo que seria simples pode evoluir e acabar precisando de cirurgia.”

Pergunta: Quando iniciar a prevenção para câncer de intestino?

Resposta: “Geralmente, em quem não tem história familiar de câncer de intestino, indicamos iniciar a colonoscopia aos 45 anos. Se o exame estiver normal, o intervalo costuma ser de cinco anos. Diferente da próstata, que costuma ser acompanhada anualmente, o intestino pode ser avaliado com esses intervalos maiores – desde que não surjam sintomas.”

4. CIRURGIA TORÁCICA – Dr. Felipe Oliveira

Pergunta: Em que situações o homem deve procurar um cirurgião torácico?

Resposta: “O cirurgião torácico cuida das doenças do pulmão, pleura, mediastino, traqueia e parede torácica. Tosse que não melhora, falta de ar sem explicação, dor no peito ao respirar, sangue no escarro ou nódulos em exames de imagem são sinais de alerta. Nessas situações, o cirurgião torácico é o profissional indicado para avaliar.”

Pergunta: A cirurgia minimamente invasiva mudou o tratamento das doenças torácicas?

Resposta: “Totalmente. Hoje, em vez de grandes cortes, usamos pequenas incisões com câmeras de alta definição – seja na toracoscopia, seja na cirurgia robótica. Isso se traduz em menos dor, menor tempo de internação, recuperação mais rápida e melhor preservação da função pulmonar. A cirurgia robótica, em especial, oferece visão ampliada e movimentos muito precisos em áreas delicadas.”

5. PNEUMOLOGIA – Dr. William Schwartz | Coordenador de Pneumologia HSLS

Pergunta: O tabagismo ainda é o principal fator de risco para doenças pulmonares em homens?

Resposta: “Sim. O cigarro continua sendo o maior responsável por bronquite crônica, enfisema, DPOC e câncer de pulmão, e os homens ainda fumam mais do que as mulheres. Nos últimos anos, surgiu um novo problema: o uso de cigarros eletrônicos, principalmente entre jovens. O vaping não é seguro, contém nicotina e outras substâncias que inflamam o pulmão e podem causar lesões importantes.”

Pergunta: Que sintomas respiratórios não devem ser ignorados?

Resposta: “Falta de ar em atividades simples, tosse que dura semanas, catarro frequente, chiado no peito, dor ao respirar e qualquer quantidade de sangue no escarro exigem avaliação especializada. Roncos intensos, pausas respiratórias durante o sono e sonolência excessiva também são sinais de alerta para apneia obstrutiva do sono, que aumenta o risco de pressão alta, arritmias e problemas cardíacos.”

6. CARDIOLOGIA – Dr. Ricardo Cals | Coordenador de Cardiologia HSLN

Pergunta: As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte entre os homens. Quais fatores de risco mais contribuem para isso?

Resposta: “Os homens, culturalmente, tem menos hábito de realizar exames preventivos e acompanhamento médico regular, comparados às mulheres. Os fatores de risco clássicos para doenças cardiovasculares são hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo.

Pergunta: A partir de que idade os homens devem realizar check-ups cardíacos e quais exames são fundamentais aos 30, 40/50 e 60+?

Resposta: O check-up deve ser iniciado ainda na adolescência, com exames básicos, como glicemia de jejum e dosagem de colesterol, por exemplo, além da aferição da pressão arterial e do peso do paciente, principalmente para orientações educativas de estilo de vida.

A partir dos 30 anos, essa avaliação deve ser mais rigorosa, verificando o risco cardiovascular do paciente, podendo inclusive realizar intervenções medicamentosas, além das mudanças do estilo de vida.

A partir dos 45- 50 anos, deve-se acrescentar o rastreio de câncer de próstata e cólon, com dosagem de PSA, toque retal (quando indicado) e realização de colonoscopia. Caber ressaltar, que o check-up pode ser adaptado, conforme a história clínica e familiar do paciente.