A parceria entre a Organização da Sociedade Civil Box Cultural e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) à frente do Cine Brasília está de volta. Na última terça-feira (28) foi firmado o contrato de gestão compartilhada que terá vigência de três anos, marcando o início de uma nova fase para este espaço cultural e garantindo o seu funcionamento até 2027.

Com 64 anos de história, o Cine Brasília é um dos mais importantes centros de exibição cinematográfica da América Latina. Considerado Patrimônio Mundial da Humanidade desde 1987, sua trajetória está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento do cinema local e nacional. Nos últimos meses, a Secec realizou uma nova seleção que assegura a operação deste equipamento tão valioso. À frente da pasta da Cultura, Cláudio Abrantes celebra a  retomada das atividades e continuidade das ações do Cine. 

“A gente está com a Box (Cultural) que foi a vencedora — que já fez um trabalho com a gente no passado, um trabalho exemplar —, e teve a melhor pontuação. A Box já vai entrar em operação nos próximos dias para que a gente tenha uma programação com filmes, debates, na essência do Cine Brasília.”

O secretário também salienta a importância do novo formato de contrato, com um ano a mais de duração. “Este contrato traz uma novidade, que é a validade de três anos. A Box fica três anos conosco e isso dá um ganho, uma tranquilidade muito grande para quem frequenta, para quem gosta do Cine Brasília”, pontua.

Dando continuidade ao trabalho iniciado em agosto de 2022, com o contrato de co-gestão que se encerrou em março deste ano, a Box Cultural segue para o segundo período à frente da condução do Cine. Sara Rocha, diretora geral da Box Cultural, ressalta a alegria da organização de  estar novamente gerindo o cinema.

“A gente está muito feliz e honrado em seguir nesse trabalho para fazer a programação, a manutenção e o cuidado com esse equipamento tão amado pela cidade, sem dúvidas aproveitando alguns aprendizados que a gente conseguiu desenvolver e diagnosticar na primeira etapa, e procurando ampliar e melhorar algumas características e estratégias.”

Algumas ações experimentadas na última gestão e que serão mantidas e aprimoradas. A gestão vai manter e aperfeiçoar o formulário de solicitação de pauta, que permite a qualquer ente ou pessoa solicitar e programar atividades no Cine Brasília; bem como manter a Seleção de Curtas, uma iniciativa pioneira do Cine em selecionar com cachê curtas-metragens que são exibidos na grade; tudo isso mantendo a programação alinhada com a produção independente nacional e internacional.

Além das práticas mencionadas, a gestão pretende ampliar as sessões acessíveis, que passarão a acontecer duas vezes por mês, exibindo filmes com audiodescrição sincronizado na sala, com legenda descritiva e janela de Libras na tela, com sala à meia luz e som reduzido para abarcar pessoas autistas e/ou com sensibilidades auditivas.

Também é importante evidenciar a relevância de o contrato de gestão ter sido estendido por três anos e algumas metas da nova administração. Agora vão ser três anos de gestão, então a ideia é que as várias ações continuadas ganhem mais fôlego e mais peso. Queremos cumprir uma meta de pelo menos 864 sessões, com uma previsão de 72 mensais, algo que a gente cumpriu acima, na gestão passada. A ideia é manter essa métrica — inclusive aumentá-la. Previsão de lançamentos de filmes, pelo menos 18, sempre aliados com debates; e realização de pelo menos 19 mostras temáticas.

A gestão prevê a exibição de 150 curtas-metragens dentro da programação comercial, selecionados por meio da chamada pública, além da realização de 150 sessões infantis e infanto-juvenis, com pelo menos 34 sessões dedicadas ao programa Territórios Culturais. Também estão previstas 27 palestras e atividades formativas com figuras de destaque no cenário nacional e internacional, em alinhamento com o Programa Conexão Cultura DF. O plano inclui ainda 18 oficinas voltadas para jovens, com no mínimo 36 horas de atividades que cobrem funções técnicas da cadeia produtiva audiovisual.

Também serão realizadas três edições do FomentaCine, o ambiente de mercado do Cine Brasília, com previsão de cada uma ser realizada em abril dos próximos anos, trazendo novamente as consultorias, as rodadas de negócios, pitchings, seminários e uma série de atividades variadas.

Destaque para as metas futuras de buscar uma captação complementar de recursos para fazer a troca das poltronas do cinema e outra para a requalificação da área do café, tornando este último um ambiente convidativo, com uma oferta diversificada, de qualidade; uma espécie de hub criativo de empreendimentos gastronômicos de Brasília, a partir de um aviso público que será aberto pela Secretaria  de Cultura no futuro.

SESSÕES ESPECIAIS


Na primeira semana de junho, haverá três sessões especiais no Cine Brasília, todas com entrada gratuita. A partir desta quarta-feira (5), o espaço recebe os eventos do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), da TV Senado, e da Embaixada do Reino dos Países Baixos no Brasil.

A semana se inicia com a “Jornada Bruno Pereira e Dom Phillips”, evento do Ministério dos Povos Indígenas que, já na abertura, traz representantes do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, (MDHC), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Depois, haverá a mesa redonda “A memória do indigenismo no Vale do Javari a partir da luta dos defensores de direitos humanos, comunicadores e ambientalistas”, seguida da exibição do documentário Vale dos Isolados: O Assassinato de Bruno e Dom, da diretora Sônia Bridi, em homenagem póstuma ao assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorrido há dois anos no Amazonas. 

Destaca-se a necessidade de confirmação de presença através de formulário.

Na quinta-feira (6), o Cine Brasília recebe o documentário Arte no Caos, do diretor Jimi Figueiredo, da TV Senado. A exibição mostra o processo de criação do artista plástico Vik Muniz para o mosaico que foi posteriormente doado ao Congresso Nacional. A obra narra a história da invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, a partir da ótica da reconstrução do Congresso Nacional, e utiliza destroços dos atos ocorridos naquela data.

A semana se encerra com o documentário “Da Bahia para o Brooklyn – Histórias do Caribe”, dirigido e protagonizado pela jornalista holandesa Nina Jurna, promovido pela Embaixada do Reino dos Países Baixos no Brasil, que será exibido nesta sexta-feira (7). A obra narra um retorno e busca pelas próprias raízes em uma viagem por inúmeros países, onde passado e presente se entrelaçam e revelam a escravidão e colonialismo.

SERVIÇO – CINE BRASÍLIA

Endereço: Asa Sul Entrequadra Sul 106/107 – Brasília, DF, 70345-400.

Informações pelo WhatSApp: 61 99878-2198 ou contato.cinebrasilia@gmail.com

Ingressos à venda na bilheteria ou pelo link: ingresso.com/cinema/cine-brasilia 

PROGRAMAÇÃO 05 A 7 DE JUNHO

SEGUNDA-FEIRA, 03/06

Fechado para dedetização 

TERÇA-FEIRA, 04/06

Fechado para montagem do evento do Ministério dos Povos Indígenas

QUARTA-FEIRA, 05/06 (entrada gratuita)

14h00 — Abertura “Jornada Bruno Pereira e Dom Phillips”

15h00 — Mesa redonda “A memória do indigenismo no Vale do Javari a partir da luta dos defensores de direitos humanos, comunicadores e ambientalistas”

16h30 — Exibição Vale dos Isolados: O Assassinato de Bruno e Dom

QUINTA-FEIRA, 06/06 (entrada gratuita)

20h00 — Arte no Caos

SEXTA-FEIRA, 07/06 (entrada gratuita)

19h00 — Da Bahia para o Brooklyn: Histórias do Caribe

SESSÕES ESPECIAIS

Vale dos Isolados: o Assassinato de Bruno e Dom

(Documentário/Crime/Investigação/Brasil/2023/103min)

de Sônia Bridi

Sinopse: O assassinato de Bruno e Dom revela como a negligência do Estado fez ressurgir um ciclo histórico de violência na região com o maior número de indígenas isolados do mundo.

Classificação indicativa: 12 anos

Trailer: Vale dos Isolados – o assassinato de Bruno e Dom

Arte no Caos

(Documentário/Brasil/2023/40min)

de Jimi Figueiredo

Sinopse: ‘Arte no caos’ retrata o processo criativo do artista Vik Muniz durante a elaboração da obra ‘8 de Janeiro de 2023’. Criada a partir dos destroços dos atos ocorridos naquela data.

Classificação indicativa: 12 anos

Trailer: Arte no Caos

Da Bahia para o Brooklyn – Histórias do Caribe

(Documentário/Países Baixos/2023/44min)

de Nina Jurna

Sinopse: Para contar a história do Caribe, é quase impossível não começar profundamente na América do Sul, na Bahia, Brasil, e terminar no Brooklyn, Nova York. Nina Jurna mudou-se para o Brasil em 2011 com a crença de que encontraria lá a sociedade mista ideal – um caldeirão de cores e culturas. No entanto, rapidamente se prova ser uma ilusão. O Brasil é uma sociedade dura, baseada em classes, onde os privilégios e as posições de destaque são predominantemente ocupados pela elite branca brasileira. Na base da escada social estão principalmente os brasileiros negros. No Rio, a história da escravidão foi literalmente varrida para debaixo do tapete. Mas como é em Salvador, a capital do estado da Bahia, onde a maioria da população é negra?

Classificação indicativa: livre

Trailer: Da Bahia para o Brooklyn – Histórias do Caribe