Em uma sessão extraordinária realizada nesta terça-feira, 26 de agosto, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu, por seis votos a um, arquivar o processo que pedia a cassação do deputado estadual Lucas Bove (PL/SP). O parlamentar é investigado por violência física e psicológica contra sua ex-esposa, a influenciadora digital Cíntia Chagas, que possui mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais.
A denúncia foi protocolada pela deputada Mônica Seixas (PSOL), com base em um boletim de ocorrência e relatos de abusos registrados por Cíntia Chagas. Segundo os documentos, o relacionamento entre os dois foi marcado por comportamentos abusivos, controle excessivo, ameaças e episódios de agressão física. Em um dos relatos, Bove teria jogado uma faca na direção da ex-esposa e ameaçado “queimar seu corpo”.
A Justiça concedeu medida protetiva à influenciadora, e o caso segue sob investigação na 3ª Delegacia de Defesa da Mulher, em São Paulo. O processo tramita em segredo de Justiça.
Dos sete membros do Conselho de Ética, apenas a deputada Ediane Maria (PSOL) votou a favor da cassação. Os votos contrários vieram de parlamentares de diferentes partidos: Delegado Olim (PP), Dirceu Dalben (Cidadania), Eduardo Nóbrega (Podemos), Rafael Saraiva (União Brasil), Pastor Carlos Cézar (PL) e Pastor Oseas da Madureira (PSD).
Durante a sessão, Lucas Bove afirmou que não poderia se defender publicamente por conta do sigilo judicial e classificou a denúncia como “baseada em fofocas e meias verdades”.
A decisão gerou forte repercussão nas redes sociais. Em vídeo publicado no Instagram, Cíntia Chagas apareceu chorando e criticou duramente a postura da Alesp, acusando os parlamentares de corporativismo e indiferença à luta das mulheres. “Estou viva porque denunciei. Porque pedi o divórcio. Os senhores acabaram de dar um tapa na cara das mulheres deste país”, declarou.
A deputada Ediane Maria também se manifestou: “Só quem sofreu violência doméstica sabe o quanto isso dói. O arquivamento é um retrocesso e um sinal perigoso para a sociedade”.