A megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro em 28 de outubro de 2025 contra o Comando Vermelho já é considerada a mais letal da história do estado, com pelo menos 119 mortos — número que supera o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram assassinados em São Paulo.

A ação ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, áreas de forte presença do tráfico, e mobilizou forças estaduais e federais em uma ofensiva de larga escala. Segundo balanço oficial, 115 suspeitos e 4 policiais morreram durante os confrontos. O número, que ainda pode ser atualizado conforme o reconhecimento de corpos no Instituto Médico-Legal, coloca a operação como um marco trágico na política de segurança pública do Rio.

Um vídeo que circula nas redes sociais, gravado pelos próprios criminosos, mostra integrantes do Comando Vermelho vestidos com uniformes militares e portando armas de grosso calibre em posição de ataque no alto de um morro. As imagens reforçam o alto grau de organização e poder bélico da facção, que vinha expandindo seu domínio territorial e desafiando as forças de segurança.

Durante a ofensiva, as polícias apreenderam 118 armas de fogo, incluindo fuzis de uso restrito, além de 14 artefatos explosivos e toneladas de drogas. Também foram presas 113 pessoas, entre elas 33 oriundas de outros estados e 10 menores de idade, o que evidencia a capilaridade da facção e a presença de jovens no crime organizado.

A operação foi deflagrada como resposta à morte de agentes de segurança em ações anteriores, em um contexto de escalada da violência nas comunidades. Autoridades estaduais afirmaram que o objetivo era enfraquecer a estrutura do Comando Vermelho e retomar áreas estratégicas dominadas pela facção.

A comparação com o massacre do Carandiru é inevitável. Em 1992, a Polícia Militar de São Paulo matou 111 detentos durante a contenção de uma rebelião na Casa de Detenção. Por mais de três décadas, esse episódio foi considerado a ação policial mais letal da história do Brasil. Agora, a operação no Rio ultrapassa esse marco, reacendendo debates sobre letalidade policial, direitos humanos e eficácia das estratégias de enfrentamento ao crime organizado.

A repercussão é intensa. Organizações de direitos humanos cobram investigação independente sobre as circunstâncias das mortes, enquanto o governo estadual defende a operação como necessária diante do poder de fogo das facções. Moradores relataram pânico, escolas e postos de saúde ficaram fechados, e a rotina das comunidades foi profundamente afetada.

Em meio às críticas e ao luto, a megaoperação expõe o dilema central da segurança pública no Rio: como enfrentar facções fortemente armadas sem transformar as comunidades em cenários de guerra.