📍 Curitiba, PR – O ginecologista e obstetra Wesley Timana Yovera, conhecido nas redes sociais como “Doutor Cegonho”, tornou-se réu em um processo criminal por lesão corporal contra uma mãe e seu bebê, após um parto marcado por complicações graves em abril de 2022. A denúncia foi aceita recentemente pela Justiça do Paraná, reacendendo o debate sobre os limites do parto humanizado e a responsabilidade médica.


👶 Parto de 27 horas termina em tragédia
Larissa Elias Cardoso Martins e seu marido, Leandro, procuraram Wesley para acompanhar a gestação do segundo filho, Luca. A escolha foi influenciada pelo marketing acolhedor do médico, que promovia o parto humanizado com mimos e discursos afetivos.

“Ele fazia um marketing de sonho. Muitos agrados, e isso acabou nos envolvendo”, relatou Larissa.

Na véspera da Páscoa de 2022, Larissa entrou em trabalho de parto. O processo se estendeu por 27 horas, e segundo a família, o médico resistiu em indicar uma cesariana, mesmo diante de sinais claros de sofrimento fetal. O bebê nasceu em estado grave, após uma manobra com uso de fórceps sem anestesia, e foi levado à UTI neonatal sem batimentos cardíacos.

Luca foi diagnosticado com paralisia cerebral severa e permaneceu 91 dias internado. A mãe também sofreu complicações pós-parto, incluindo rotura uterina e hemorragia interna, sendo submetida a uma cirurgia de emergência dias após receber alta.


⚖️ Denúncia e investigação
O Ministério Público do Paraná acusa o médico de ter demorado excessivamente para indicar a cesariana, o que teria causado sequelas permanentes no bebê e colocado a vida da mãe em risco. A denúncia também aponta negligência ao liberar Larissa do hospital com quadro clínico ainda grave.

Em entrevista ao programa Fantástico, Wesley negou erro na condução do parto, alegando que o uso do fórceps foi necessário para salvar o bebê, já que uma cesárea levaria mais tempo. Ele também responsabilizou o hospital por falhas estruturais, como ausência de leito na UTI e equipamentos com defeito — embora tenha admitido que essas intercorrências não foram registradas no prontuário.


📋 Consequências éticas e legais
O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) investiga o médico por duas infrações: causar dano ao paciente por ação ou omissão, e imprudência ao retardar a indicação da cesárea. Caso seja comprovada infração ética, Wesley pode ser advertido ou até ter seu registro profissional cassado.

Além deste caso, há outras três investigações em andamento contra o médico, que atendia em São Paulo e Curitiba e cobrava até R$ 12 mil por parto particular.


🗣️ Família busca justiça
Larissa e Leandro afirmam que a experiência traumática os motivou a denunciar o caso para evitar que outras famílias passem pelo mesmo.

“Espero que o Lucas seja um caminho para mudar a história de outras pessoas. Que ele tenha uma vida feliz, dentro das limitações dele”, disse Larissa.