Em meio às curvas do Lago Paranoá, a Ermida Dom Bosco surge como um marco de contemplação e simplicidade arquitetônica. Projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada em 8 de dezembro de 1957, a capela foi erguida em homenagem a São João Bosco, padroeiro dos jovens, refletindo o espírito utópico e a busca de harmonia entre o urbano e o natural na cidade planejada.

  • Geometria e espiritualidade
    A ermida apresenta planta piramidal — quatro paredes que se elevam para formar um vértice apontando para o céu. Esse formato triangular não é apenas estético, mas remete à ideia de ascensão e conexão com o divino. A cruz de metal no topo, simples e discreta, reforça essa verticalidade contemplativa.
  • Materiais e paisagismo
    Construída em concreto aparente e mármore de Carrara na plataforma, a capela contrasta com o entorno verde do Parque Ecológico Dom Bosco. O espelho d’água do lago reflete suas linhas puras, criando um diálogo constante entre a obra e o ambiente natural.
  • Interior e iconografia
    No interior, a imagem de Dom Bosco em mármore de Carrara, esculpida pelos irmãos Arreghini, ocupa lugar de destaque. A iluminação zenital, proveniente de aberturas estreitas no teto, cria efeitos de luz e sombra que realçam a escultura e convidam à meditação.

Em 2 de março de 1988, por meio do Decreto nº 11.032, a Ermida Dom Bosco foi oficialmente tombada como patrimônio cultural do Distrito Federal, reconhecendo seu valor arquitetônico e paisagístico. Essa preservação garante que o monumento mantenha suas características originais, essencial para a integridade do Plano Piloto de Brasília, declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1987.

A localização estratégica, no início da Asa Sul, faz da ermida um dos mirantes mais procurados para o pôr do sol sobre o lago. Estima-se que cerca de 20 mil visitantes passem pelo local por mês, atraídos não só pela dimensão religiosa, mas também pelo cenário Instagramável que combina arquitetura modernista e natureza.

A Ermida Dom Bosco tornou-se um símbolo do turismo religioso e ecológico em Brasília. Além de missas ocasionais, o espaço abriga pequenos encontros de meditação e eventos culturais ao ar livre, como recitais de música instrumental. Guias turísticos e aplicativos de roteiros costumam incluir o local em circuitos que percorrem as obras de Niemeyer, reforçando seu papel de vitrine cultural da capital.