Por Rochelly Costa, rochellycosta@imprensabrasilia.com

Pouca gente imagina, mas uma das obras mais emblemáticas da arquitetura brasileira moderna foi erguida em tempo recorde: o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, começou a ser construído em 1960 e teve sua primeira recepção oficial em 1967, sendo inaugurado oficialmente em 20 de abril de 1970. Projetado por Oscar Niemeyer, com paisagismo de Roberto Burle Marx e estrutura calculada pelo engenheiro Joaquim Cardozo, o edifício é um marco da arquitetura diplomática — moderno, ousado e profundamente brasileiro.

Um símbolo da diplomacia moderna

Conhecido também como Palácio dos Arcos, por conta da sua fachada composta por arcos de concreto aparente, o Itamaraty foi concebido para representar o Brasil no cenário internacional dos anos 1960: leveza, transparência, racionalidade e tropicalidade — tudo isso materializado em concreto, vidro, água e arte.

A estrutura abriga o maior vão livre sem colunas da América Latina, com 2.800 m², e uma escada helicoidal monumental, sem corrimão, que liga o térreo ao mezanino. O edifício é um dos mais bem preservados da Esplanada dos Ministérios e foi o primeiro monumento da era contemporânea a ser incluído como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, em 1987.

Um acervo artístico quase secreto

Por fora, o Palácio é um ícone. Por dentro, é quase um museu escondido. Seu interior abriga obras de alguns dos maiores nomes da arte brasileira e internacional, como:

  • Alfredo Volpi
  • Candido Portinari
  • Athos Bulcão
  • Tomie Ohtake
  • Jean-Baptiste Debret
  • Franz Weissmann
  • Rubem Valentim
  • Maria Martins
  • Victor Brecheret
  • Manabu Mabe, entre muitos outros.

O mobiliário também é assinado por grandes designers brasileiros, como Sérgio Rodrigues e Bernardo Figueiredo.

Na área externa, sobre o espelho d’água, destaca-se a escultura “Meteoro”, de Bruno Giorgi, feita em mármore de Carrara e representando os cinco continentes em harmonia.

Paisagismo e integração com o Cerrado

O paisagismo de Burle Marx integra espécies nativas do Cerrado e da Amazônia, criando um jardim que dialoga com a arquitetura e com o clima de Brasília. O espelho d’água e os jardins internos reforçam a ideia de fluidez e leveza, mesmo em uma construção monumental.

Um espaço de poder e beleza

O Palácio do Itamaraty é mais do que a sede da diplomacia brasileira. É o local onde o Brasil recebe chefes de Estado, realiza cerimônias oficiais e apresenta sua identidade ao mundo. Já passaram por seus salões personalidades como Rainha Elizabeth II, Ronald Reagan, Barack Obama e Pelé.

Visitação: um segredo aberto ao público

Apesar de sua importância, o Palácio ainda é pouco visitado por turistas. O espaço é aberto ao público por meio de visitas guiadas, que podem ser agendadas online. Durante o passeio, é possível conhecer os salões cerimoniais, jardins internos e parte do acervo artístico.

Agendamentos e informações: itamaraty.gov.br

O Palácio do Itamaraty é uma síntese do Brasil que ousou sonhar grande. Uma obra que une arte, arquitetura, engenharia e diplomacia em um só espaço. Um lugar onde o concreto flutua, a arte respira e o Brasil se apresenta ao mundo com elegância e identidade.

Se você estiver em Brasília, não deixe de visitar. Porque ali, entre arcos e espelhos d’água, o Brasil acertou em cheio — e quase ninguém viu.