Os “haters” representam mais do que simples usuários da internet expressando opiniões negativas. Eles são um fenômeno que vai além do mundo virtual, enraizado em comportamentos que remontam à infância e estão intrinsecamente ligados à discriminação social.

No último fim de semana, recebi algumas mensagens agressivas online, onde pessoas aproveitaram o anonimato da internet para difamar minha imagem. Encarei o incidente com leveza, já que estou familiarizada com os “odiadores” desde a infância. Quando criança, sofri bullying por causa dos meus dentes proeminentes, sendo chamada de “Mônica dentuça” e “sorriso de cavalo”. Na adolescência, as críticas se voltaram para o fato de eu ser considerada “nerd ou cdf”, e mais tarde, enfrentei o classicismo social.

No entanto, esse é um tema que não pode ser subestimado, pois os “haters” afetam profundamente a saúde mental das vítimas. Eles estão ligados ao cyberbullying, mas se distinguem por disseminar ódio de forma mais ampla, sem alvos definidos.

O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em casos de cyberbullying, um problema que ameaça se tornar uma epidemia entre os jovens. O bullying, seja online ou offline, leva as vítimas à ridicularização, podendo ter consequências graves. Nos anos 70, o psicólogo Dan Olweus investigou o aumento alarmante de suicídios entre jovens na Suécia, atribuindo-o ao bullying, marcando assim o início dos estudos científicos sobre o tema. No Brasil, infelizmente, há numerosos casos fatais relacionados ao bullying. Denunciar é crucial para evitar tragédias e proteger a saúde mental de todos nós.

Um exemplo marcante do impacto do cyberbullying é o caso da atriz Carolina Dieckmann. Após ter seu e-mail invadido por hackers, fotos íntimas foram roubadas e compartilhadas na internet, resultando em chantagem e exposição pública. Esse incidente não apenas destaca a gravidade do cyberbullying, mas também evidencia como a violência online pode ter consequências devastadoras na vida real das pessoas. Esse caso foi um marco no combate aos crimes virtuais, levando à criação da Lei Carolina Dieckmann, oficialmente conhecida como Lei nº 12.737/2012, que visa combater crimes cibernéticos, especialmente relacionados à invasão de dispositivos eletrônicos e à divulgação não autorizada de dados pessoais.

Diante do recente incidente comigo, acredito que os haters são um sinal de sucesso. Podemos optar por responder, bloquear ou simplesmente permitir que expressem sua frustração; eles persistirão. É uma homenagem invertida, como dizem os americanos: “haters gonna hate”. Quem tem inclinação ao ódio só pode odiar; um gato mia, um cachorro late e o hater odeia – é sua natureza. Eles carecem de propósito, concentrando-se apenas em alvos. Aprendi a lidar com eles, compreendendo que suas ações refletem suas próprias inseguranças e frustrações. Apesar das críticas e do ódio, sigo comprometida com minha missão de compartilhar informações e promover o bem-estar nas redes sociais.

O fracasso age como um inseticida para os haters, enquanto o sucesso atua como um feromônio. Estou compreendendo que, para encontrar felicidade nas redes sociais, precisamos aceitar a presença de fãs sinceros, críticos construtivos e, é claro, “haters”. A dor faz parte da vida, e, consequentemente, os “haters” também.

A psicologia dos “haters” revela motivações complexas como insegurança e desejo de pertencer a um grupo. Sua conexão com o bullying na infância e a discriminação é clara, refletindo padrões de comportamento enraizados na sociedade. Desafiar o ódio online e promover a educação e o apoio emocional são passos cruciais para construir uma sociedade mais justa e tolerante.

DENUNCIE, a SaferNet Brasil oferece um serviço de recebimento de denúncias anônimas de crimes e violações contra os Direitos Humanos na Internet, contando com procedimentos efetivos e transparentes para lidar com as denúncias. Além disso, contam com suporte governamental, parcerias com a iniciativa privada, autoridades policiais e judiciais, além, é claro, de você usuário da Internet. Caso encontre imagens, vídeos, textos, músicas ou qualquer tipo de material que seja atentatório aos Direitos Humanos, faça a sua denúncia em http://www.safernet.org.br.