Pais e mães, é crucial reconhecermos juntos o impacto profundo que o abandono infantil pode ter no desenvolvimento das crianças. Independentemente do gênero, todos os pais têm um papel vital a desempenhar na vida de seus filhos, e é essencial estarmos cientes das consequências que o abandono pode acarretar. Por isso, quero compartilhar com vocês uma experiência que vivi!
Há 11 anos, tomei a decisão mais corajosa da minha vida: ser mãe. Aos 25 anos, aceitei o desafio com confiança, acreditando na capacidade que tinha para enfrentá-lo. Sempre considerei a maternidade como uma bênção e confiei que Deus não nos dá desafios além do que podemos lidar.
Estávamos brincando no trabalho quando uma colega, que suspeitava estar grávida, propôs que fizéssemos testes de gravidez juntas. Ninguém esperava que meu resultado fosse positivo, e todos ficaram chocados ao ver duas linhas intensas no meu teste, indicando minha gravidez, algo que parecia improvável para mim.
Foi uma revelação impactante. Eu era a única solteira da turma, com um diagnóstico de ovário policístico, onde eu acreditava fielmente que teria que fazer algum tratamento caso um dia me despertasse a vontade de ser mãe.
Decidi seguir em frente com a gestação e compartilhei com minha família minha determinação em ser mãe solo. Não havia um relacionamento amoroso com o pai, e ele, despreparado e cheio de medos e inseguranças, não estava pronto para assumir essa responsabilidade.
Durante minha gestação, recebi um apoio incondicional da minha família, o que tornou essa experiência maravilhosa. Quando meu amado Joaquim nasceu, o ambiente que o acolheu estava adornado com a magnificência de um quarto real. O nome Joaquim, além de seu significado profundo na tradição cristã, remete à figura de um dos reis de Judá nas Escrituras Sagradas. Essa conexão histórica adiciona uma dimensão especial ao nome do meu filho, significando “o que Deus elevou”. Com seus olhos claros e beleza cativante, Joaquim personifica a própria perfeição e o amor genuíno e verdadeiro que ele representa em minha vida.
Durante oito meses, minha família e eu vivemos momentos de amor, encantamento e felicidade. No entanto, eu ainda não havia registrado meu pequeno príncipe, Joaquim. A perspectiva de não incluir o nome do pai na certidão de nascimento e os possíveis problemas futuros que isso poderia acarretar, mesmo em pleno século XXI, me causavam preocupação.
A partir daí, fui atrás do pai no Rio de Janeiro de uma forma nada convencional e até muito cômica. Conhecemos a família paterna, brindamos à saúde do nosso amado Joaquim e celebramos a união de uma família moderna!
Ser responsável por uma criança nunca é fácil. Ter que lidar com tantas incertezas e dificuldades durante a criação de nossos filhos é bastante complicado, mas todo esse esforço nos recompensa. É muito gratificante quando percebemos que os filhos começam a absorver os valores ensinados, a progredir na vida e a se tornarem pessoas melhores. Mas nem tudo depende apenas de nós mulheres, nossos filhos começam a reparar a ausência paterna, eles se questionam, e muitas vezes até se sentem rejeitados.
Meu filho, agora com 10 anos, é carinhoso, bonito, independente, responsável, dedicado aos estudos e obediente. No entanto, também demonstra muita insegurança. É evidente como a presença do pai é crucial para o desenvolvimento emocional das crianças. Os conflitos psicológicos e cognitivos decorrentes da ausência paterna podem gerar dificuldades no convívio social da criança.
Como mãe solo, enfrento um novo desafio ao observar meu filho vivenciando uma gama de emoções genuínas, como afeto, dor, medo e raiva. Apesar do diálogo aberto, do amor constante e do apoio da minha família e de uma psicóloga, ainda luto contra a insegurança de não estar à altura do que meu filho merece ou idealiza, e de não conseguir preencher o vazio deixado pela ausência paterna.
No Brasil, somos mais de 12 milhões de mães enfrentando a jornada da maternidade solo. Para aquelas que lidam com os desafios diários e a ausência do pai na vida de seus filhos, quero dizer: vocês são incrivelmente fortes e corajosas. Não estão sozinhas; muitas outras mães solteiras passam por situações semelhantes. Reconheçam o mérito pelo trabalho admirável de criar e cuidar de seus filhos. Busquem apoio em amigos, familiares ou grupos de apoio para compartilhar experiências e receber suporte emocional. Foquem no amor e na conexão que oferecem aos seus filhos, lembrando que, apesar dos obstáculos, são figuras poderosas e importantes em suas vidas. Mantenham-se firmes, confiem em si mesmas e saibam que são mais fortes do que imaginam. Juntas, podemos superar qualquer desafio!
Espero ter destacado a relevância do papel paterno na vida de uma criança e como a falta desse cuidado pode impactar negativamente sua autoestima, desenvolvimento emocional e comportamento ao longo da vida. É fundamental ressaltar a responsabilidade moral e ética dos pais em relação aos seus filhos, e como seu apoio e envolvimento ativo são essenciais.
Por Brenda Barros – arquiteta e urbanista, corretora de imóveis e oradora. Uma eterna curiosa pelo novo.