Na noite de quarta-feira, 14 de maio, moradores de Brasília e de outros estados brasileiros foram surpreendidos por um clarão intenso no céu, que rapidamente gerou especulações e curiosidade. O fenômeno, registrado em vídeos e fotos, também foi observado em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia.
Segundo a Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), a luz brilhante que cruzou o céu não era um meteoro, mas sim lixo espacial. Mais especificamente, tratava-se da reentrada atmosférica de um fragmento do foguete Falcon 9, da empresa SpaceX.
O que causou o fenômeno?
O foguete Falcon 9 foi lançado em 5 de agosto de 2014, como parte da missão que colocou em órbita o satélite AsiaSat 8, destinado a fornecer serviços de comunicação para a região Ásia-Pacífico. Após cumprir sua missão, o segundo estágio do foguete permaneceu em órbita como lixo espacial, até que sua trajetória decaiu, resultando na reentrada atmosférica observada nesta quarta-feira.
A luz intensa foi vista primeiro em Brasília às 18h24, desaparecendo no céu da Bahia às 18h28. Em apenas quatro minutos, o objeto percorreu cerca de 1.500 km, viajando a uma velocidade entre 6 e 7 km/s.
Riscos e impactos
Especialistas explicam que eventos como esse serão cada vez mais comuns devido ao aumento de lançamentos espaciais. No entanto, o risco de fragmentos atingirem áreas habitadas é extremamente baixo, pois a maioria dos detritos espaciais se desintegra completamente na atmosfera ou cai em oceanos e regiões desabitadas.
O astrônomo Marcelo De Cicco, coordenador do projeto brasileiro de pesquisas de meteoros EXOSS, destaca que a entrada de pedaços de satélites e foguetes na atmosfera será um fenômeno recorrente, impulsionado pelo crescimento da exploração espacial.
O clarão no céu de Brasília foi um espetáculo impressionante, mas longe de ser um mistério sobrenatural. A reentrada de lixo espacial é um fenômeno natural e esperado, reforçando a importância do monitoramento contínuo de objetos em órbita.