No primeiro trimestre de 2025, o PIB brasileiro avançou 1,6% em relação aos últimos três meses de 2024, superando projeções do mercado financeiro, que apontavam para cerca de 1,2% de crescimento. Já na comparação anual, o avanço chegou a 3,0%, indicando reação mais forte após a moderação observada no fim do ano passado.

O desempenho foi puxado pelo setor de serviços, que respondeu por quase dois terços do resultado positivo, com destaque para transportes e comunicações, enquanto a indústria de transformação cresceu 1,2% e o agronegócio manteve sua força devido à safra recorde de grãos. No entanto, o comércio ampliado registrou retração de 1,2%, reflexo direto do custo de crédito elevado e cautela dos consumidores.

Especialistas alertam que o ritmo de expansão deve desacelerar nos próximos trimestres. A combinação de juros elevados, com a Selic em 14,75% ao ano, e a desaceleração da economia global podem frear tanto o investimento privado quanto o consumo das famílias. Para o economista João Ribeiro, “o Brasil ainda não escapou dos riscos externos, e o aperto monetário continuará a pesar sobre a atividade.”

O governo elevou sua projeção de crescimento para 2025, de 2,0% para 2,4%, mas analistas de instituições financeiras mantêm previsões mais conservadoras, na faixa de 1,8% a 2,2%. As incertezas fiscais, especialmente em torno do novo arcabouço de gastos, e a trajetória da inflação, que fechou abril em 0,43%, também figuram entre os pontos de atenção para o restante do ano.