O modelo do Novo Ensino Médio, que começou a ser implementado em 2017, passa por uma reformulação significativa a partir do próximo ano letivo. A nova Política Nacional de Ensino Médio, sancionada em agosto de 2024, redefine a distribuição da carga horária e amplia o espaço das disciplinas obrigatórias, reduzindo a participação dos itinerários formativos.

O formato anterior previa que até 1.200 horas do ciclo poderiam ser dedicadas aos itinerários escolhidos pelos estudantes, como aprofundamento em Ciências Humanas, Exatas ou Linguagens. Na prática, isso gerou dificuldades de implementação em escolas públicas e privadas, especialmente nas redes rurais, noturnas e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Com a mudança, a carga horária total permanece em 3.000 horas ao longo dos três anos, mas a maior parte será destinada às disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Entre as novidades está o retorno de Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias em todos os anos do Ensino Médio, além do reforço em Matemática e Ciências da Natureza. O objetivo, segundo o Ministério da Educação, é garantir maior equidade e qualidade na formação, evitando lacunas que deixavam estudantes com formações muito distintas dependendo da escola ou região.

Os itinerários formativos continuam existindo, mas com espaço reduzido e mais flexibilidade para adaptação às realidades locais. A ideia é que os alunos ainda possam escolher percursos de aprofundamento, mas sem comprometer a formação geral.

A decisão foi tomada após amplo debate com educadores, gestores e entidades ligadas à educação. Críticos do modelo anterior apontavam que ele privilegiava a personalização sem assegurar uma base sólida em disciplinas tradicionais, o que poderia comprometer o desempenho dos estudantes em exames nacionais e no ingresso ao ensino superior.

De acordo com especialistas, a reformulação aproxima o Ensino Médio brasileiro de modelos internacionais, que priorizam uma formação geral robusta antes da especialização. Para os estudantes, a mudança significa mais tempo dedicado às disciplinas clássicas e menos fragmentação da grade curricular.