Oriundos da linda e privilegiada região italiana da Toscana, e muito famosos na atualidade, os vinhos Supertoscanos nem sempre foram bem vistos no seu país de origem. Ficaram conhecidos como os vinhos “fora da lei”, cujo crime foi a não obediência às rígidas regras das principais Denominações de Origem da Toscana.

Sua história começou no final da década de 60, mais precisamente em 1967, quando a Denominação de Origem Controlada Chianti (Chianti D.O.C)  foi criada, e trouxe consigo várias normas que deveriam ser obedecidas por parte dos produtores, para que seus vinhos pudessem ser rotulados com o selo da referida D.O.C. Além da delimitação geográfica, a composição dos vinhos também eram reguladas, e deveriam conter majoritariamente Sangiovese, sendo completadas com Canaiolo e Malvasia.

Alguns produtores já cultivavam algumas variedades francesas em suas propriedades, como Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, no entanto, esses vinhos tinham que ser rotulados como “Vino di Tavola”, que eram os vinhos mais simples e mais baratos à época, como se fossem um vinho de mesa.

Com o final da Segunda Guerra Mundial, a indústria vitivinícola italiana entrou em declínio, fruto da escassez de mão de obra e das consequências advindas de um país devastado pela Guerra. Com isso, acabou-se privilegiando a quantidade do vinho produzido, em detrimento da qualidade dos mesmos. A qualidade do vinho Chianti caiu drasticamente, tornando-se um vinho ligeiro, sem personalidade, e cedendo espaço para que vários produtores insistissem no cultivo de cepas francesas para a elaboração de um tipo de vinho diferente, fora das normas da D.O.C. Chianti, porém mais rico, encorpado, e de alta qualidade

A revolução veio em 1978, quando em um importante concurso promovido pela revista Decanter, um Vino di Tavola italiano desconhecido sagrou-se campeão: era o vinho produzido pela Tenuta San Guido: Sassicaia.

Poucos anos depois, o Sassicaia da safra de 1985 foi agraciado com a nota máxima (100 pontos) do famoso crítico de vinhos Robert Parker, servindo como “carro chefe” para outros tão famosos vinhos Supertoscanos da atualidade como o Tignanello, Solaia, Ornellaia e Masseto.

Em 1992 foi criada a Indicazione Geográfica Típica (I.G.T.), classificação menos restritiva dos vinhos italianos, e incluiu os rebeldes vinhos que desobedeciam as regras das Denominações de Origem: os Supertoscanos.

Não se sabe bem ao certo como surgiu o nome “Supertoscanos”, mas acredita-se que foi usado pela primeira vez no início dos anos 80, por alguma dessas 3 personalidades: Luigi Veronelli, um famoso crítico italiano, Burton Anderson, escritor norte-americano, ou pelo inglês David Gleave, expert em vinhos italianos.

Atualmente os vinhos Supertoscanos gozam de um prestígio ímpar no mundo dos vinhos, especialmente os rótulos mais consagrados, com preços chegando à casa de dezenas de milhares de reais.