Mahmoud Abbas fez a declaração em 15 de outubro de 2023, durante uma conversa telefônica com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Segundo a agência oficial palestina Wafa, ele afirmou que as ações do Hamas — notadamente o ataque de 7 de outubro daquele ano contra Israel — não refletem a vontade ou os interesses do povo palestino. Abbas também reforçou que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) é o único representante legítimo do povo palestino, em contraposição ao Hamas, que comanda Gaza desde 2007.

O pronunciamento de Abbas surgiu logo após o ataque do Hamas a Israel, que resultou em centenas de vítimas civis, sequestros e forte repercussão internacional. A resposta israelense aos ataques — com bombardeios na Faixa de Gaza — intensificou o sofrimento da população palestina, provocando criticas globais sobre o uso da força, condições humanitárias e civis presos no meio do fogo cruzado.

A fala de Abbas também marca uma tentativa clara de dissociação entre seu governo/Fatah/OLP e as ações do Hamas, possivelmente motivada por pressões diplomáticas internas e externas. Ele pediu a libertação de civis e prisioneiros de ambos os lados, condenou a morte de inocentes e ressaltou que reivindicações políticas ou humanitárias do povo palestino não justificam ataques contra civis.

Após a divulgação inicial, a publicação oficial (Wafa) chegou a remover ou editar parte dos comentários de Abbas que mencionavam diretamente o Hamas, o que suscitou especulações sobre retaliações internas ou mudanças de estratégia comunicacional.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também falou sobre o assunto. Ele declarou que os ataques do Hamas de outubro de 2023 “não aconteceram em um vácuo”, reconhecendo sofrimentos antigos sofridos pelos palestinos. Mas Guterres deixou claro que nem isso nem qualquer outra justificativa pode legitimar ataques contra civis, ou o uso de civis como escudo, nem punições coletivas contra a população palestina

Israel reagiu criticando duramente qualquer comentário percebido como relativização dos ataques terroristas do Hamas, exigindo que condenações sejam explícitas e que responsabilidades sejam claras.