Na noite da última quinta-feira (28/8), os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) participaram de um debate transmitido ao vivo pela CNN Brasil, no programa CNN Arena. O confronto abordou dois temas centrais da atual agenda política nacional: o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) e a megaoperação da Polícia Federal (PF) contra o crime organizado, que revelou movimentações financeiras bilionárias ligadas ao setor de combustíveis.

Durante o debate, Boulos defendeu que o julgamento de Bolsonaro por suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022 representa uma demonstração de que “as instituições do Judiciário brasileiro estão funcionando”. Ele também citou a capa da revista The Economist, que destacou o processo como um marco de recuperação democrática no Brasil.

Nikolas Ferreira, por outro lado, criticou o andamento da ação no STF, questionando a imparcialidade do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Segundo o parlamentar mineiro, “o golpe que aconteceu aqui no dia 8 [de janeiro] é algo impossível”, alegando ausência de armas e a presença de figuras como “vendedor de algodão-doce” entre os manifestantes. Ele também afirmou que o próprio Bolsonaro não estava no país na ocasião.

O debate se intensificou ao abordar a operação da PF que investiga um esquema de lavagem de dinheiro com suposta participação de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Boulos acusou Nikolas de contribuir indiretamente com o crime organizado ao divulgar desinformações sobre o Pix, referindo-se a um vídeo publicado pelo deputado em janeiro, no qual ele sugeria que o governo poderia taxar a ferramenta de pagamento.

Nikolas rebateu, dizendo que a acusação era infundada e que “não tem um pingo de processo sobre nada de corrupção”. Ele classificou a tentativa de associá-lo ao crime organizado como uma manobra política.

O embate entre os dois parlamentares expôs mais uma vez a polarização política no país. Boulos comparou o julgamento brasileiro ao episódio do Capitólio nos Estados Unidos, afirmando que “os Estados Unidos se acovardaram ao tentar julgar aqueles que tentaram dar golpe, mas o Brasil não”. Nikolas, por sua vez, criticou o governo Lula e mencionou a visita do presidente venezuelano Nicolás Maduro ao Brasil como exemplo de “democracia relativa”.

O debate foi marcado por trocas de acusações, divergências ideológicas e interpretações distintas sobre os limites da atuação institucional. A repercussão nas redes sociais foi imediata, com apoiadores de ambos os lados comentando os principais momentos do confronto.