A sessão da Câmara Municipal de Borba, no interior do Amazonas, realizada em 29 de setembro de 2025, ganhou repercussão nacional após declarações da vereadora Elizabeth Maciel (Republicanos), conhecida como Betinha. Durante seu discurso no plenário Wilson Maués, a parlamentar afirmou que “tem mulher que merece apanhar” e declarou ser “a favor da violência contra a mulher” em determinadas situações.

O episódio foi registrado em vídeo e rapidamente viralizou nas redes sociais, provocando indignação de movimentos sociais, parlamentares e da população local. Em sua fala, Betinha chegou a citar a vereadora Professora Jéssica (Democracia Cristã), criticando mulheres que, segundo ela, se beneficiariam da Lei Maria da Penha. As declarações foram feitas em defesa do vereador Pedro Paz (União Brasil), denunciado por Jéssica após levantar o dedo em tom de ameaça contra ela durante uma sessão.

A repercussão foi imediata. A Câmara Municipal de Borba, por meio da Presidência e da Procuradoria Especial da Mulher, divulgou nota oficial de repúdio, classificando as falas como “absolutamente inaceitáveis”. O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e a Polícia Civil abriram investigação para apurar se a conduta da vereadora pode configurar crime. O promotor de Justiça Alison Almeida Santos Buchacher foi designado para acompanhar o caso.

Diante da pressão, Betinha publicou uma nota e um vídeo em suas redes sociais no dia seguinte, pedindo desculpas. Ela reconheceu que suas palavras foram “inadequadas, desrespeitosas e incompatíveis com os princípios de dignidade, igualdade e respeito”, afirmando ainda que a violência contra a mulher é “inaceitável e jamais pode ser tolerada ou justificada”. O partido Republicanos-AM também se manifestou, destacando que a parlamentar assumiu o erro e reiterando seu repúdio à violência de gênero.

O caso expôs a gravidade da violência contra a mulher no Amazonas, estado que figura entre os mais críticos nos índices de feminicídio no Brasil, e reacendeu o debate sobre a responsabilidade de representantes públicos no combate ao machismo. Nas redes sociais, moradores de Borba e internautas de todo o país passaram a pedir a cassação do mandato da vereadora.