Vitiligo: uma condição de pele com impactos que vão além do físico

 No Brasil, estima-se que cerca de 0,5% da população viva com vitiligo, o que equivale a mais de 1 milhão de pessoas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia e registros oficiais. Trata-se de uma condição dermatológica caracterizada pela perda da pigmentação natural da pele, resultando em manchas brancas que podem surgir em diferentes partes do corpo. Embora a causa exata ainda não seja totalmente compreendida, há um consenso de que o vitiligo tem origem multifatorial, podendo estar relacionado à predisposição genética, disfunções autoimunes, estresse emocional e fatores ambientais.

Segundo a professora de Dermatologia da Afya Educação Médica de Goiânia (GO), Bruna de Paula Cunha, o vitiligo não é contagioso nem representa risco direto à saúde física do paciente, mas pode ter um impacto emocional significativo. 

Apesar de, em alguns casos, haver uma fragilidade aumentada da pele afetada, o principal impacto costuma ser emocional. Como a pele é a parte mais visível e exposta do corpo, qualquer alteração pode comprometer profundamente a autoestima e a qualidade de vida do paciente, considerando um contexto de estigma e preconceito social. Por isso, o tratamento do vitiligo vai além do cuidado com a pele, podendo exigir uma abordagem multidisciplinar, incluindo o apoio psicológico”, defende a especialista.

Acredita-se que a doença seja resultado de um processo autoimune, no qual o sistema imunológico passa a atacar os próprios melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, levando ao surgimento das manchas características. Fatores como estresse emocional intenso, traumas na pele (fenômeno de Koebner), queimaduras solares e exposição a produtos químicos podem atuar como gatilhos para o início ou agravamento do quadro. 

Nesse sentido, manter uma rotina de cuidados é essencial para controlar o vitiligo e proteger a pele afetada. A médica explica, ainda, que a fotoproteção é indispensável, já que a pele despigmentada é mais sensível à radiação ultravioleta. “É recomendado o uso diário de protetor solar com fator alto, mesmo em dias nublados. Além disso, é importante evitar lesões na pele, usar hidratantes apropriados e adotar hábitos que favoreçam o equilíbrio do organismo como um todo. Informar, acolher e orientar é fundamental para garantir qualidade de vida a quem vive com vitiligo”, reforça.

Segundo a médica, essa rotina pode incluir também uma boa alimentação, o controle do estresse e a prática regular de exercícios físicos, que ajudam a fortalecer o sistema imunológico e contribuem para a saúde geral da pele com vitiligo.

Tratamentos disponíveis

O tratamento do vitiligo varia de acordo com a extensão das manchas, a localização e a resposta individual de cada paciente. Embora ainda não haja cura definitiva, diversas terapias estão disponíveis para estimular a repigmentação da pele. Entre os principais tratamentos, destacam-se:

  • Corticoides tópicos: usados nas fases iniciais, podem reduzir a inflamação e promover a repigmentação.
  • Inibidores de calcineurina: como o tacrolimo, são alternativas para áreas sensíveis como rosto e pescoço.
  • Fototerapia com UVB de banda estreita: técnica eficaz que estimula os melanócitos residuais a produzirem melanina.
  • Tratamentos cirúrgicos: como enxertos de pele, indicados em casos estáveis e resistentes a terapias convencionais.

A dermatologista da Afya explica também que o tratamento precisa ser personalizado, pois, nem sempre, o que funciona para um paciente trará os mesmos resultados para outro. Sendo assim, o acompanhamento dermatológico constante é fundamental. Além disso, os tratamentos médicos, recursos estéticos como maquiagem corretiva e micropigmentação também são utilizados para melhorar a autoestima de quem convive com a condição.