A ansiedade tem se tornado uma das principais queixas entre adolescentes nos consultórios psiquiátricos e psicológicos. De acordo com dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1 em cada 7 adolescentes no mundo apresenta algum transtorno mental, sendo a ansiedade um dos diagnósticos mais frequentes. No Brasil, por exemplo, um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde mostrou que, de 2014 a 2024, os atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no SUS aumentaram 1.575% entre as crianças de 10 a 14 anos e 4.423% entre jovens de 15 a 19 anos.

Segundo o psiquiatra dr. Thiago Lemos de Morais, o cenário é preocupante: “Estamos vendo adolescentes cada vez mais angustiados, com crises de ansiedade intensas, insônia, isolamento e até sintomas físicos como dores no peito e dificuldade para respirar. É um sofrimento real e que precisa ser levado a sério pelos pais e pela sociedade”.

Entre os fatores que contribuem para o aumento dos casos, estão a pressão por desempenho acadêmico, o uso excessivo das redes sociais e a falta de tempo de qualidade em família. “O adolescente de hoje vive em constante comparação. A exposição a padrões irreais nas redes sociais gera uma sensação de inadequação que alimenta a ansiedade e reduz a autoestima”, explica o especialista.

Além dos fatores externos, a fase da adolescência por si só já é marcada por intensas transformações hormonais, emocionais e sociais. Por isso, é fundamental identificar sinais precoces e buscar apoio profissional. “Quando o adolescente começa a se isolar, perde o interesse por atividades que antes gostava, tem alterações de sono ou alimentação, esses já são sinais de alerta. A ajuda de um profissional pode fazer toda a diferença”, reforça o psiquiatra.

A boa notícia é que, com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado, é possível controlar os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida dos jovens. “Investir em diálogo, controle do tempo de telas, estímulos para realizar atividades ao ar livre e praticar atividades físicas, além de tempo de qualidade em família são essenciais”, conclui dr. Thiago Lemos de Morais.