Toda gestante tem direito, por lei, ao acolhimento psicológico durante a gravidez. No Dia da Gestante, psicóloga perinatal explica quando o acolhimento psicológico pode ser oferecido, o que está previsto na legislação e como o suporte emocional pode auxiliar na saúde da mãe e do bebê

Nem todas as gestações são acompanhadas de sentimentos de plenitude. Segundo a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, é comum que mulheres grávidas relatem medo, dúvidas ou tristeza, especialmente em casos de gravidez não planejada.

De acordo com a especialista, mais de 55% das gestações no Brasil não são planejadas, o que pode impactar a forma como esse período é vivido. Por isso, a legislação brasileira prevê o acompanhamento psicológico no pré-natal como parte do cuidado integral à saúde da gestante.

Veja a seguir o que dizem as leis, quando esse acompanhamento pode ser oferecido e como ele funciona na prática:

O que diz a legislação?

O acolhimento psicológico às gestantes está previsto em três normas principais:

  • Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
  • Portaria nº 1.459/2011, que institui a Rede Cegonha
  • Lei nº 14.721/2023, que amplia a assistência psicológica durante a gravidez, o parto e o pós-parto, incluindo ações de conscientização sobre saúde mental materna nos serviços públicos e privados.

Em que situações o acompanhamento pode ser indicado?

Segundo Rafaela, o suporte psicológico pode ser oferecido a qualquer gestante, mesmo sem diagnóstico clínico. Entre os contextos mais frequentes estão:

  • Gravidez não planejada;
  • Histórico de perdas gestacionais ou violência sexual;
  • Sentimentos persistentes de angústia, medo ou distanciamento do bebê;
  • Sobrecarga emocional ou dificuldade de adaptação à gestação.

A psicóloga ainda explica que o acolhimento pode ser tanto preventivo quanto terapêutico, conforme o caso.

Qual a relação entre saúde mental e gestação?

De acordo com Rafaela Schiavo, altos níveis de estresse, ansiedade ou tristeza durante a gestação podem afetar o desenvolvimento do bebê e influenciar no vínculo pós-parto e na amamentação. Ela afirma que o cuidado emocional da mulher também contribui para a saúde da família como um todo.

Como é feito o atendimento?

O acompanhamento psicológico no pré-natal pode incluir:

  • Escuta qualificada sobre medos, dúvidas e inseguranças;
  • Prevenção de sofrimento psíquico grave, como depressão ou ansiedade;
  • Apoio em situações de risco, como luto gestacional, violência ou conflitos conjugais.
  • O profissional responsável é, em geral, um psicóloga com formação ou experiência em saúde mental materna. Segundo Rafaela, a atuação especializada permite compreender as especificidades do ciclo gravídico-puerperal.

Onde encontrar esse serviço?

A legislação prevê que o acompanhamento psicológico esteja disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), além de clínicas-escola, projetos sociais e instituições de ensino superior que oferecem atendimento gratuito ou a baixo custo.

Rafaela destaca, no entanto, que a presença desse atendimento ainda é limitada. “Menos de 1% dos psicólogos no Brasil atuam na área perinatal. É um número insuficiente para atender à demanda de gestantes e puérperas”, afirma.