Em meio a uma rotina acelerada, hiperconectada e muitas vezes solitária, o Brasil atingiu um marco preocupante em 2024: foi o país que mais buscou a palavra “ansiedade” no Google. O dado, revelado pela pesquisa Panorama Mental em parceria com o Google Trends, escancara um problema que já vinha sendo percebido por especialistas, mas que agora ganha números incontestáveis.
De acordo com a pesquisa, 68% dos brasileiros relataram sentir-se frequentemente ansiosos. Entre os jovens de 14 a 24 anos, esse número ultrapassa os 80%. O cenário é agravado pelo tempo excessivo gasto nas redes sociais: o Brasil é o segundo país que mais permanece conectado, com média de 9 horas e 13 minutos por dia.
A palavra “ansiedade” foi tão procurada que desbancou temas como “futebol”, “celebridades” e até “enem”. Em paralelo, o termo “brain rot” — que descreve a sensação de cansaço mental causada por excesso de conteúdos digitais — foi eleito pela Oxford University Press como a expressão do ano. A ligação entre os dois conceitos é clara: estamos consumindo mais do que conseguimos processar.
Para a psicóloga Amanda Pires, o alerta precisa ser levado a sério. “Ansiedade não é frescura. Ela afeta o sono, o apetite, o desempenho escolar e o convívio social. Estamos diante de uma epidemia silenciosa”, afirma.
Especialistas recomendam que sejam criadas campanhas de conscientização nas escolas, universidades e ambientes de trabalho, além de mais investimento público em CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e ampliação do acesso a atendimentos psicológicos via SUS.
A boa notícia é que, junto ao aumento das buscas por “ansiedade”, também cresceram as pesquisas por “como controlar a ansiedade”, “exercícios de respiração” e “meditação guiada”. Isso indica que os brasileiros estão procurando soluções e formas saudáveis de lidar com o problema.