Um estudo recente realizado pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que bebês que passam mais tempo brincando no chão tendem a se locomover mais cedo em comparação àqueles que ficam mais tempo no berço. A pesquisa, publicada no periódico Infant Behavior and Development, comparou o desenvolvimento motor de bebês que passavam mais tempo no solo com aqueles que ficavam mais no berço, trazendo à tona importantes descobertas sobre a influência do ambiente no desenvolvimento infantil.
O estudo, conduzido pela fisioterapeuta Maylli Daiani Graciosa, recrutou 45 bebês, divididos em três grupos etários: de 5 a 11 meses, de 9 a 13 meses e de 13 a 18 meses. Durante seis meses, os pais enviaram vídeos de oito minutos a cada 15 dias, permitindo que os pesquisadores avaliassem o desenvolvimento motor das crianças em seus lares, dentro de um contexto real e sem testes padronizados.
Os resultados mostraram que os bebês que brincavam no chão desde os 5 meses começaram a se locomover mais cedo do que aqueles que raramente eram colocados no solo. Além disso, os bebês que, aos 9 meses, ainda brincavam principalmente no berço, começaram a andar mais tarde. A pesquisa também revelou que não há uma sequência definida na evolução dos pequenos até os primeiros passos – alguns se arrastam antes de engatinhar, outros engatinham direto, e ainda existem os que primeiro engatinham de maneira assimétrica, depois simétrica, e só depois andam com apoio.
Para que o deslocamento no chão seja benéfico, é essencial garantir a segurança do ambiente. Móveis com pontas não são indicados, e a superfície onde a criança fica deve ser firme, sem paninhos ou tapetes fofos. Além disso, os bebês não devem usar meias ou sapatos, que impedem o contato dos pés com o solo. “Também é importante colocar o bebê fora do tapete, para que ele não entenda que suas margens são uma limitação para o deslocamento”, orienta a autora do estudo. Oferecer poucos brinquedos é outra dica, já que dessa forma o bebê precisa se movimentar para pegá-los.
O uso de andadores é contraindicado por diversas entidades médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Pediatria. Esses equipamentos podem atrapalhar o desenvolvimento da marcha e oferecem riscos ao bebê, como acidentes e quedas, além de prejudicar aspectos psicomotores e o estímulo à movimentação natural dos pequenos.