Brasília, 2 de abril de 2025 – Um estudo recente do Instituto Karolinska, na Suécia, trouxe à tona uma preocupação importante para pais e profissionais de saúde: crianças com diabetes tipo 1 que não mantêm o controle adequado da glicemia podem apresentar comprometimento no crescimento. O impacto é ainda mais significativo em meninas que enfrentam descontrole glicêmico antes da puberdade, segundo os pesquisadores.

A pesquisa, publicada no The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, analisou dados de mais de 12 mil crianças e adolescentes com diabetes tipo 1. Os resultados mostraram que aqueles com glicemia descontrolada apresentaram menor estatura na idade adulta em comparação aos que mantiveram os níveis sob controle. Entre as meninas, o impacto foi mais evidente, com diferenças perceptíveis na estatura final.

A relação entre glicemia e crescimento

O diabetes tipo 1 é uma condição autoimune em que o pâncreas não produz insulina suficiente, hormônio essencial para transportar a glicose do sangue para as células. Além de regular os níveis de açúcar no sangue, a insulina desempenha um papel crucial na síntese de proteínas, processo indispensável para o crescimento.

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“A insulina é um hormônio anabolizante, ou seja, ela ajuda na construção de tecidos, incluindo músculos e ossos. Quando os níveis de glicemia estão descontrolados, a falta de insulina afeta diretamente o crescimento das crianças, especialmente em fases críticas como a pré-puberdade”, explica a nutricionista Caroline Neuwald, especialista em nutrição.

O impacto nas meninas

O estudo destacou que as meninas são mais vulneráveis ao impacto do descontrole glicêmico no crescimento, especialmente antes da puberdade. Isso ocorre porque o período pré-puberal é crucial para o desenvolvimento ósseo e muscular, e qualquer interrupção nesse processo pode ter consequências duradouras.

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“É importante lembrar que o crescimento não é apenas uma questão de altura, mas também de saúde geral. O descontrole glicêmico pode levar a deficiências nutricionais e metabólicas que afetam o desenvolvimento como um todo”, alerta Caroline.

A importância do diagnóstico precoce e do tratamento multidisciplinar

Os sintomas do diabetes tipo 1 incluem sede excessiva, fome aumentada, cansaço extremo e perda de peso. O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento e evitar complicações, como o comprometimento do crescimento.

O tratamento inclui a administração diária de insulina, monitoramento constante dos níveis de glicose e uma alimentação balanceada. “A dieta deve ser rica em nutrientes essenciais, como proteínas, cálcio e vitaminas, para garantir que a criança tenha os recursos necessários para crescer de forma saudável. Além disso, é importante evitar dietas restritivas, que podem agravar a falta de nutrientes”, orienta Caroline.

Educação e suporte para famílias

Caroline Neuwald também destaca a importância de educar as famílias sobre o manejo do diabetes tipo 1. “Os pais precisam entender que o controle glicêmico não é apenas sobre evitar complicações imediatas, mas também sobre garantir que a criança tenha um desenvolvimento pleno. Isso exige um esforço conjunto entre médicos, nutricionistas, educadores e a própria família.”

Um alerta para a sociedade

O estudo reforça a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado para crianças com diabetes tipo 1. Além disso, campanhas de conscientização podem ajudar a informar pais e cuidadores sobre a importância do controle glicêmico para o crescimento e a saúde geral.

“Com o acompanhamento correto e o suporte necessário, é possível minimizar os impactos do diabetes tipo 1 no crescimento e garantir que essas crianças tenham uma vida saudável e plena”, conclui Caroline.