O HTLV (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas) é um retrovírus da mesma família do HIV, mas com características distintas. Existem dois tipos principais, o HTLV-1 e o HTLV-2. Estima-se que milhões de pessoas no mundo estejam infectadas, muitas sem saber, já que a maioria dos portadores não apresenta sintomas ao longo da vida. No entanto, em uma parcela dos casos, o vírus pode causar doenças graves, como a leucemia/linfoma de células T do adulto e a paraparesia espástica tropical, uma condição neurológica progressiva.
No Brasil, o HTLV é considerado um problema de saúde pública negligenciado. Em 2024, o Ministério da Saúde incluiu a infecção na lista de doenças de notificação compulsória e incorporou o exame de detecção no pré-natal do SUS. Isso significa que todas as gestantes devem ser testadas, assim como já ocorre com HIV e sífilis.
Por que gestantes são prioridade
A principal preocupação é a transmissão vertical. O vírus pode ser passado da mãe para o bebê durante a gravidez, no momento do parto ou, principalmente, pela amamentação. Estudos mostram que a amamentação prolongada aumenta significativamente o risco de infecção da criança. Por isso, quando o diagnóstico é confirmado, a equipe de saúde pode orientar alternativas seguras de alimentação infantil e acompanhar de perto o desenvolvimento do bebê.
Além disso, a identificação precoce permite que a gestante receba acompanhamento especializado, reduzindo riscos para sua própria saúde e possibilitando estratégias de prevenção para a família.
Impacto da testagem
Um estudo recente da Fiocruz Bahia destacou que novas abordagens terapêuticas, como o uso de medicamentos antivirais já consagrados contra o HIV, estão sendo avaliadas para reduzir ainda mais a transmissão vertical do HTLV. A expectativa é que, até 2030, o Brasil consiga avançar significativamente no controle dessa rota de infecção.
Conscientização e prevenção
Apesar de sua relevância, o HTLV ainda é pouco conhecido. A testagem em gestantes é um passo fundamental para quebrar o ciclo de transmissão silenciosa e proteger as próximas gerações. Além disso, campanhas de informação são essenciais para que a população compreenda que o vírus existe, pode ser transmitido sexualmente, por transfusão de sangue não testado e pelo compartilhamento de seringas, e que a prevenção é possível.
Fique ligado: testar gestantes para HTLV é uma medida estratégica de saúde pública. Ela protege mães, filhos e famílias, além de abrir caminho para que o Brasil avance no enfrentamento de uma infecção que, embora silenciosa, pode ter consequências graves.
