A médica Aline Cotta usou suas redes sociais para questionar a recomendação do Ministério da Saúde, que indica a suplementação universal de cálcio para todas as gestantes como forma de prevenção da pré-eclâmpsia.

Segundo Aline, a medida pode dar uma falsa sensação de segurança, pois estudos mais recentes, incluindo pesquisas do renomado especialista Kypros Nicolaides, indicam que a suplementação de cálcio não reduz significativamente o risco de pré-eclâmpsia.

💬 “Parem de recomendar esse tratamento ridículo para prevenir a pré-eclâmpsia”, teria afirmado Nicolaides, segundo a médica.

O que é a pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma condição grave que afeta gestantes e pode levar a complicações sérias para a mãe e o bebê. Ela é caracterizada por hipertensão arterial e presença de proteína na urina após a 20ª semana de gestação. Em casos mais graves, pode evoluir para eclâmpsia, que envolve convulsões e risco de morte.

Estudos indicam que a pré-eclâmpsia tem origem multifatorial, envolvendo fatores genéticos, imunológicos e vasculares. A identificação precoce de gestantes de alto risco é essencial para a prevenção da doença.

Quem é Kypros Nicolaides?

O professor Kypros Nicolaides é um dos maiores especialistas em medicina fetal do mundo. Ele desenvolveu algoritmos para cálculo de risco de pré-eclâmpsia, que são amplamente utilizados em diversos países, incluindo o Brasil.

Nicolaides defende que a melhor forma de prevenir a pré-eclâmpsia não é a suplementação de cálcio, mas sim a realização de exames morfológicos no primeiro trimestre, o cálculo de risco adequado e o uso de AAS (ácido acetilsalicílico) antes da 16ª semana para gestantes de alto risco.

O que dizem os estudos?

O Ministério da Saúde defende que a suplementação de cálcio pode reduzir em até 55% o risco de pré-eclâmpsia. A medida foi oficializada na Nota Técnica Conjunta nº 251/2024, baseada em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por outro lado, Aline Cotta argumenta que o grande problema não é a deficiência de cálcio, mas sim a falta de exames adequados no primeiro trimestre, como a morfologia fetal e o cálculo de risco. Segundo ela, o foco deveria estar em identificar gestantes de alto risco precocemente e iniciar o uso de AAS antes da 16ª semana, além de incentivar hábitos de vida saudáveis.

Estudos recentes reforçam essa visão:

  • Uma revisão publicada na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia destaca que a pré-eclâmpsia é uma doença multifatorial e multissistêmica, e que a suplementação de cálcio não substitui exames adequados e outras medidas preventivas.
  • Um estudo da Universidade Federal de Alagoas analisou evidências sobre a prevenção da pré-eclâmpsia e concluiu que a suplementação de cálcio não é a estratégia mais eficaz.

O que muda para as gestantes?

Com a nova diretriz, todas as gestantes atendidas pelo SUS devem receber suplementação diária de cálcio a partir da 12ª semana de gestação até o parto.