Ansiedade durante a gestação é mais comum do que se imagina. Mudanças hormonais, medo do parto e preocupações com o bebê podem deixar a mulher mais vulnerável. O problema é que, muitas vezes, as respostas que ela recebe de familiares, amigos ou até profissionais de saúde não ajudam, e podem piorar a situação.

A psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, professora-doutora e fundadora do Instituto MaterOnline, lembra que a Psicologia Perinatal ocupa apenas 2% da grade de formação em Psicologia no Brasil. Isso significa que muitos profissionais saem da faculdade sem preparo para lidar com as especificidades emocionais da gestação, o que contribui para a repetição de frases prontas. “Quando a mulher ouve comentários que invalidam sua experiência, como ‘relaxa, é normal’, se sente sozinha e ainda mais ansiosa”, explica. 

O que não dizer para uma gestante ansiosa

Entre as frases mais prejudiciais, que devem ser evitadas, estão:

  • “Relaxa, é normal”
  • “Pensa positivo”
  • “Outras mães passam por isso”
  • “Vai passar depois do parto”
  • “É só hormônio”

De acordo com Rafaela, esses comentários transmitem a ideia de que a gestante não deveria sentir o que está sentindo, quando na verdade suas reações são legítimas.

O que realmente ajuda

Para apoiar uma gestante ansiosa, o mais importante é validar suas emoções e oferecer presença sem julgamentos. Algumas formas de acolhimento são:

  • Validação: dizer que entende o que ela sente e que isso é legítimo.
  • Parceria: mostrar que ela não está sozinha na jornada.
  • Psicoeducação: explicar o que acontece no corpo e na mente durante a gestação.
  • Ferramentas específicas: técnicas adaptadas para ansiedade gestacional, diferentes da terapia genérica.
  • Ressignificação: lembrar que cuidar da própria saúde mental também é cuidar do bebê.

A especialista ainda aponta que o apoio adequado pode transformar a experiência da gestação. “Quando a mulher se sente compreendida, ela se fortalece para lidar com as emoções. Isso impacta diretamente no bem-estar dela, no desenvolvimento do bebê e na qualidade dos vínculos familiares. Uma mãe mentalmente saudável gera um bebê mais saudável, uma família mais forte e uma sociedade melhor”, finaliza.