O polimetilmetacrilato (PMMA), uma substância amplamente utilizada em procedimentos estéticos, tem sido alvo de intensas críticas e preocupações por parte de especialistas em saúde. Embora aprovado para uso médico em casos específicos, como correções faciais em pacientes com HIV ou reconstruções cranianas, seu uso indiscriminado para fins estéticos tem gerado complicações graves, incluindo deformações permanentes e até mortes. O Conselho Federal de Medicina (CFM) e outras entidades médicas têm solicitado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a proibição da comercialização e aplicação do PMMA no Brasil.

O PMMA é um polímero acrílico composto por microesferas suspensas em gel. Diferentemente de preenchedores temporários, como o ácido hialurônico, o PMMA é permanente e não é absorvido pelo organismo. Essa característica, que inicialmente parece vantajosa, é justamente o que torna seu uso arriscado. Quando aplicado em grandes volumes ou por profissionais não qualificados, o PMMA pode desencadear reações adversas graves.

Especialistas apontam que o PMMA pode causar uma série de complicações, muitas vezes irreversíveis:

  • Reações inflamatórias: O corpo pode reconhecer o PMMA como um corpo estranho, provocando inflamações crônicas e dolorosas.
  • Necrose e complicações vasculares: Se o produto for injetado em vasos sanguíneos, pode bloquear a circulação e causar necrose dos tecidos, levando à necessidade de cirurgias reparadoras.
  • Migração do produto: Com o passar do tempo, o PMMA pode se deslocar para outras áreas do corpo, causando deformidades e alterações estéticas indesejadas.
  • Infecções: A substância pode servir como substrato para biofilmes bacterianos, tornando infecções resistentes a tratamentos convencionais.
  • Dificuldade de remoção: Por ser permanente, a remoção do PMMA exige procedimentos invasivos, que nem sempre garantem resultados satisfatórios.

Nos últimos anos, diversos casos de complicações graves associados ao PMMA ganharam destaque na mídia. Em Goiânia, uma modelo faleceu após aplicar grandes volumes da substância nos glúteos. Outro caso emblemático foi o de uma influenciadora digital que enfrentou múltiplas cirurgias para remover o PMMA de seus lábios, após sofrer inflamações severas e deformações.

Apesar dos riscos, o PMMA continua sendo usado em clínicas estéticas devido ao seu custo relativamente baixo e à promessa de resultados duradouros. No entanto, especialistas alertam que o preço acessível não compensa os perigos associados à substância. “O PMMA pode parecer uma solução econômica, mas os danos que ele pode causar são irreversíveis e, em alguns casos, fatais”, afirma a dermatologista Sylvia Ypiranga, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Para quem busca procedimentos estéticos, o ácido hialurônico é uma alternativa mais segura. Por ser temporário e biocompatível, ele oferece menor risco de complicações e pode ser ajustado conforme necessário. Além disso, técnicas modernas de preenchimento e volumização têm evoluído para oferecer resultados eficazes com maior segurança.

O CFM e outras entidades médicas têm pressionado a Anvisa para banir o uso do PMMA em procedimentos estéticos. Países como Colômbia e Argentina já proibiram a substância, e especialistas esperam que o Brasil siga o mesmo caminho. “A medicina evolui, e produtos mais seguros devem substituir aqueles que oferecem riscos elevados. O PMMA não tem mais espaço na estética moderna”, conclui Ypiranga.

Enquanto a decisão sobre a proibição não é oficializada, é fundamental que os pacientes busquem profissionais qualificados e evitem procedimentos que utilizem o PMMA. A saúde e a segurança devem sempre ser prioridades.