Com a intensificação das ondas de calor no Brasil, especialistas em saúde alertam para os riscos adicionais enfrentados por pessoas que fazem uso contínuo de determinados medicamentos. Estudos recentes apontam que substâncias de uso frequente podem interferir na regulação da temperatura corporal, aumentando a vulnerabilidade a quadros de desidratação, queda de pressão arterial e até hipertermia — quando a temperatura do corpo ultrapassa 40 °C.

Medicamentos sob atenção

Entre os principais grupos de fármacos que exigem cautela estão os diuréticos, amplamente utilizados no tratamento da hipertensão e de doenças renais. Esses medicamentos intensificam a eliminação de líquidos, favorecendo a desidratação. Anti-hipertensivos também podem reduzir a sensação de sede e dificultar a dilatação dos vasos sanguíneos, mecanismo essencial para a dissipação do calor.

Pacientes com diabetes que utilizam metformina ou inibidores de SGLT2 também devem redobrar os cuidados, já que esses remédios podem comprometer o equilíbrio hídrico do organismo. Além disso, psicotrópicos como antidepressivos e antipsicóticos, assim como medicamentos anticolinérgicos usados em doenças neurológicas, podem reduzir a capacidade de transpiração, dificultando a regulação térmica.

Grupos mais vulneráveis

Idosos, crianças pequenas e pessoas com doenças crônicas estão entre os mais suscetíveis aos efeitos combinados do calor extremo e do uso de medicamentos. Nesses casos, a atenção deve ser redobrada, já que a capacidade de adaptação do organismo é naturalmente mais limitada.

Recomendações médicas

Profissionais de saúde reforçam que a interrupção do tratamento nunca deve ser feita sem orientação médica. A recomendação é manter a hidratação constante, evitar exposição solar nos horários de maior intensidade, buscar ambientes ventilados e observar sinais de alerta como tontura, confusão mental, fraqueza extrema e falta de ar.

Contexto climático

O alerta ganha relevância diante das projeções de aumento da frequência e intensidade das ondas de calor no país. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Brasil registrou recordes de temperatura em diversas capitais em 2024 e 2025, cenário que tende a se repetir nos próximos anos em função das mudanças climáticas globais.

Em resumo, o uso de medicamentos comuns pode potencializar os riscos à saúde em dias de calor extremo. A orientação dos especialistas é clara: manter acompanhamento médico, reforçar medidas preventivas e adotar hábitos de proteção são passos fundamentais para reduzir complicações e preservar a saúde da população.