A competição intensa pelo desenvolvimento e implementação de tecnologias de IA — incluindo modelos avançados e infraestrutura de data centers — está provocando um aumento na procura por componentes eletrônicos cruciais, como memória RAM, armazenamento flash e chips especializados. Esse cenário favorece os grandes compradores de tecnologia de computação em larga escala, mas ao mesmo tempo reduz a oferta disponível para dispositivos de consumo, como smartphones.

De acordo com especialistas ouvidos pela imprensa especializada, empresas que dominam o mercado de memória, como Samsung, SK Hynix e Micron, têm priorizado a alocação de produção para segmentos de alta demanda ligados à IA. Isso tem reduzido a fabricação de chips convencionais usados em celulares. Como resultado, o preço de chips de memória disparou em 2025, com aumentos de até 15–30% em alguns tipos de DRAM e NAND, tendência que deve se estender à metade de 2026 e possivelmente além.

Essa dinâmica foi citada por executivos do setor em entrevistas públicas recentes. Em eventos da indústria, líderes de fabricantes de smartphones alertaram que os custos de componentes essenciais podem levar a repasses de preços aos consumidores já no próximo ano, especialmente para modelos intermediários e de entrada, onde os componentes representam uma fatia maior do custo total de produção.

Além da pressão sobre preços, a competição por memória e chips ligados à IA também está afetando o nível mínimo de memória dos aparelhos, com possíveis reduções de capacidades em modelos mais econômicos e, em alguns casos, até substituições de componentes ou ajustes nas configurações padrão.

Um dos motivos é que a inteligência artificial exige hardware robusto nos data centers e nas aplicações avançadas do tipo on-device (executadas diretamente no celular), o que leva fabricantes a direcionar partes significativas do fornecimento de chips para esses usos específicos em vez de dispositivos móveis mais baratos. Isso estrangula a oferta de componentes disponíveis para produção de celulares em massa, empurrando os preços para cima.

Para quem pretende comprar um celular em 2026, a perspectiva é que:

  • Modelos intermediários e de entrada fiquem mais caros, pois a escassez de memória e armazenamento pressiona seus custos de produção.
  • Flagships e modelos com recursos de IA avançados — que já exigem mais memória e processamento — tendam a manter preços mais altos ou sofrer aumentos adicionais.
  • Algumas marcas já estão ajustando preços ou advertindo que novas gerações de aparelhos podem ter valores iniciais maiores, mesmo antes de lançamentos oficiais de 2026.

Além dos efeitos da IA, outros fatores como câmbio, logística global e inflação também continuam influenciando os preços de celulares no Brasil e em outras partes do mundo, intensificando ainda mais a pressão sobre o preço final aos consumidores.

Por que isso está acontecendo

A corrida pela IA mudou a maneira como chips e memória são produzidos:

  • Empresas de tecnologia estão gastando bilhões em data centers e inteligência artificial, criando competição direta por componentes que antigamente eram menos disputados.
  • Fabricantes de memória preferem manter capacidade reduzida de produção para evitar quedas de preço, o que mantém os valores dos chips altos.
  • A consequência é que os chips que vão para celulares agora custam mais, e as marcas precisam repassar esse custo para os consumidores se quiserem manter margens de lucro.