Na mais recente ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta terça-feira (12), foi destacado que a deterioração das expectativas de inflação pode levar a um prolongamento do ciclo de alta de juros. Na última reunião, a taxa Selic foi elevada para 11,25%, com sinalizações de novas altas. Além disso, os diretores do Banco Central (BC) alertaram para os impactos da percepção dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal nos preços de ativos e expectativas econômicas.

Necessidade de políticas fiscais críveis

Segundo o BC, uma política fiscal crível e transparente, juntamente com estratégias que reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal, são essenciais para ancorar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco dos ativos financeiros, impactando positivamente a política monetária. A ata ressalta que uma política fiscal previsível é crucial para o cenário econômico.

Preocupações com a inflação e política monetária

Os membros do Copom expressaram preocupação com o esmorecimento dos esforços de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública, que podem elevar a taxa de juros neutra da economia. “A conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito às famílias continua suportando o consumo e, consequentemente, a demanda agregada”, destacou o BC.

Desafios de curto prazo para a inflação

O cenário de curto prazo para a inflação é desafiador, com preços dos alimentos pressionados pela estiagem ao longo do ano e o encarecimento do dólar aumentando o custo dos bens industrializados. Além disso, a inflação de serviços permanece acima do nível compatível com a meta em um contexto de atividade econômica dinâmica.

Interrupção no processo desinflacionário

A ata do Copom também observa uma interrupção no processo desinflacionário, refletindo a redução da força de diversos fatores que vinham contribuindo para a desinflação. “O mercado de trabalho, o hiato do produto e as expectativas de inflação assumem papel muito relevante para a dinâmica desinflacionária de médio prazo”, informou o BC.