O Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) inaugurou a exposição “Mupotyra: Arqueologia Amazônica”, uma mostra que une arqueologia, arte e meio ambiente para discutir a ocupação da região amazônica e os impactos da ação humana. Com curadoria de Carla Gibertoni, Naine Terena, Eduardo Góes Neves, Ricardo Cardim e Guilherme Wisnik, e em parceria com o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE USP), a exposição busca repensar o futuro de forma sustentável. O título “Mupotyra” significa “florescer” em Nheengatu, língua geral amazônica.

Partindo de estudos que mostram como a ação de povos indígenas ancestrais foi determinante para a formação da Floresta Amazônica, a exposição propõe um chamado de consciência. “Como Museu de Ecologia, acreditamos ser papel do MuBE trazer para o público discussões sobre a questão ambiental, e a Amazônia está no centro desta pauta. Esta exposição é também uma forma de contribuição do MuBE à preparação para a COP de 2025, em Belém”, afirma a presidente do MuBE, Flavia Velloso.

A mostra apresenta uma coleção inédita de Ricardo Cardim que retrata a propaganda do projeto desenvolvimentista da ditadura militar através de uma política de exploração intensa, propondo uma reflexão sobre a destruição que presenciamos hoje. O acervo do MAE USP, uma das principais coleções de arqueologia e etnologia da Amazônia, exibe artefatos que revelam o conhecimento e a resistência dos povos indígenas no Brasil.

Entre os itens expostos estão coroas, cocares, cestas, vestimentas e peças de cerâmica, que evidenciam práticas milenares dos povos originários e sua influência na biodiversidade da região. Destacam-se também vestígios de redes de caminhos e agrupamentos humanos datados de 2.500 anos e o desenvolvimento de sistemas de construção com aterros artificiais, como os encontrados na Ilha do Marajó (PA).

Com expografia de Marcelo Rosenbaum, a exposição integra objetos arqueológicos e etnográficos com obras contemporâneas, criando um diálogo entre o material histórico e a arte indígena atual. Artistas indígenas como Yaka Huni Kui, Uýra, Thiago Guarani, Tainá Marajoara, Rita Huni Kuin, entre outros, promovem a criticidade da arte indígena no contexto contemporâneo, conectando-se às suas raízes culturais.

A exposição destaca a importância das pesquisas arqueológicas para a compreensão do papel dos povos indígenas no manejo dos territórios e sua contribuição para a diversidade ambiental. Um projeto de Thiago Guarani propõe a criação de paisagens amazônicas atuais com base nos conhecimentos indígenas, enfatizando o plantio de espécies de árvores ao longo de trilhas e roças.

Com entrada gratuita, a exposição estará em cartaz no MuBE até o início de 2025. Além disso, há programas educativos, visitas guiadas e atividades especiais nos ateliês abertos aos finais de semana, oferecendo uma experiência enriquecedora para todos os visitantes.