De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, nos últimos dois anos, o Brasil presenciou um aumento de 15% nos casos diagnosticados de Transtorno do Espectro Autista (TEA), que causa problemas no desenvolvimento neurológico e que prejudica a organização de pensamentos, sentimentos e emoções. Como uma forma de traduzir em expressões artísticas os sentimentos e vivências de crianças e adolescentes com TEA, a Guanabara Produções Culturais com apoio da Montenegro Produções Culturais, por meio de Lei de Incentivo à Cultura, desenvolveu o maior projeto nacional de conscientização sobre o autismo: a Casa dos Sentidos.
por Brunno Covello |
Com um grande sucesso em sua estreia, que ocorreu em 2022, a Casa dos Sentidos retomou sua programação com novidades em sua segunda edição, que se encontra em turnê nacional desde o segundo semestre de 2023. O projeto ganhou novos tons com a participação de novos artistas, e ainda maior alcance, passando por diversas cidades brasileiras, entre elas Monte Mor (SP), Catalão (GO), Ponta Grossa (PR), Campinas (SP) e Curitiba (PR). Agora, prepara sua chegada à cidade de Brasília. A passagem da 2ª edição da Casa dos Sentidos pela capital federal será entre os dias 10 e 30 de maio, em uma estrutura impecável que poderá ser visitada gratuitamente na Biblioteca Nacional. “Cada um vê o mundo à sua maneira e as pessoas com TEA enxergam e interpretam a realidade de uma forma ainda mais individual. A proposta da Casa dos Sentidos é oferecer uma experiência inédita que fala sobre inclusão social por meio da arte. Tudo de forma sensorial e lúdica”, conta Jocian Machado, pesquisadora do projeto.
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Promovendo uma fusão tão necessária entre arte, inclusão e aceitação, o projeto visa expressar os sentimentos e vivências de pessoas diagnosticadas com o transtorno em um ambiente que reproduz uma casa, em uma experiência totalmente imersiva. Para desenvolver a Casa dos Sentidos, a Guanabara Produções realizou um extenso processo de pesquisa, acompanhado de perto por profissionais formados em psicologia, pedagogia, psicomotricidade, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Houve ainda apoio da Tismoo, primeira startup de medicina e testes genéticos para autismo, e do The Muotri Lab (da Universidade de San Diego, Estados Unidos), que investiga os mecanismos fundamentais para o desenvolvimento do cérebro e de transtornos como o autismo.
Na sequência, entraram as parcerias entre artistas e arquitetos no desenvolvimento da experiência imersiva. Mesmo com a Casa dos Sentidos rondando o país, a equipe envolvida no projeto continua desenvolvendo uma linha de pesquisa paralelamente ao projeto artístico, que será levada à Universidade de San Diego (EUA) com embasamento técnico. A construção da exposição trouxe ainda a consultoria do artista visual e quadrinista Fulvio Pacheco, coordenador da Gibiteca de Curitiba e da Linguagem de Ilustração (GEEK) na Fundação Cultural de Curitiba. Na Casa dos Sentidos, Fulvio auxiliou os artistas convidados na adaptação das linguagens e estéticas das obras apresentadas nos cômodos.
Artistas e espaços
O conceito da casa para criar os cenários artísticos simboliza um lugar seguro e receptivo. “É o espaço do acolhimento e do afeto e, assim sendo, pode continuar essencialmente simples. A Casa dos Sentidos tem essa medida exata, toda alicerçada na arte para provocar diversas sensações a cada cômodo”, explica Carolina Montenegro, diretora da Guanabara Produções Culturais e da Montenegro Produções Culturais. A imersão da Casa dos Sentidos engloba toda uma vivência sensorial, em ambientes desenvolvidos por artistas, arquitetos e designers renomados. Inovando o projeto, uma nova artista entra em cena: Aline Provensi, que também é psicóloga e autista, assina o espaço do Banheiro. “Esse cômodo, para mim, sempre foi motivo de desconforto sensorial, apesar de ter todo o potencial de ser um local de conforto e lúdico. Tenho muita dificuldade com tomar banho, escovar os dentes e tudo o que envolve essas tarefas básicas. Mas eu amo água e então decidi focar nesse elemento”, explica Aline.
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Outra grande novidade da segunda edição do projeto é o Cérebro. O espaço é assinado pela artista convidada Daniélle Carazzai e pelo arquiteto Givago Ferentz, que criaram uma estrutura com dados de pesquisa e referenciais sobre diagnóstico autista. Assim, surge um novo ambiente acolhedor e educativo na Casa dos Sentidos, que será a “porta de entrada” para que as pessoas compreendam parte do universo autista de forma lúdico-didática, por meio de uma interação única que vai mesclar dados científicos e brincadeiras. A artista Bruna Alcantara assina a Sala de Jantar, trabalhando conceitos como memória afetiva. Bruno Romã foi o responsável pela Cozinha, que propõe uma interação sensorial. Já o Quarto foi trabalhado por Marcella Callado, que resgata o universo infantil dos sonhos.
A versão completa da Casa dos Sentidos ficará aberta para visitação na cidade de Brasília entre os dias 10 e 30 de maio, na Biblioteca Nacional. A exposição poderá ser visitada gratuitamente de segunda a sexta, das 8h às 22h, e aos sábados e domingos, das 8h às 14h. O projeto conta com produção e idealização da Guanabara Produções Culturais com apoio da Montenegro Produções Culturais por meio de Lei de Incentivo à Cultura, com Patrocínio Master John Deere. Realização do Ministério da Cultura e Governo Federal. A mostra conta ainda com patrocínio da Tetra Pak, Sideral Linhas Aéreas, Da Magrinha, On Petro Combustíveis, S&C, Grupo Barigui, Aker Solutions, Metalus, Magnetron e Ravato; e apoio da Revista Autismo, Tismoo e Centro de Psicomotricidade Água & Vida. Para mais informações sobre a 2ª Casa dos Sentidos, acesse o site.