Pode parecer provocação — e talvez seja mesmo. Mas se existe um povo que representa a essência do Brasil em sua diversidade, resiliência e capacidade de convivência, esse povo é o brasiliense. Nascido da mistura, forjado no concreto e moldado pela esperança, o brasiliense é mais do que um habitante da capital: é um símbolo vivo da união possível entre diferentes culturas, sotaques e histórias.
🏗️ Uma cidade construída por todos os Brasis
Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960, fruto de um projeto ousado do então presidente Juscelino Kubitschek, que sonhava em levar a capital para o coração do país. Mas o que poucos lembram é que a cidade foi erguida em tempo recorde — menos de quatro anos — por milhares de trabalhadores vindos de todas as regiões do Brasil.
Esses homens e mulheres ficaram conhecidos como candangos. Vieram do Nordeste, do Sudeste, do Sul, do Norte e do Centro-Oeste. Enfrentaram jornadas exaustivas, moradias improvisadas e condições precárias. Muitos voltaram para suas terras. Mas muitos ficaram — e deram origem ao que hoje chamamos de brasiliense.
🌎 Um povo sem sotaque fixo, mas com identidade forte
Brasília é uma cidade sem sotaque definido — e isso é um traço de sua identidade. Como mostrou um estudo da Universidade de Brasília, o “sotaque brasiliense” é uma mistura de influências linguísticas de todo o país, com traços que vão do “véi” do Centro-Oeste ao “oxente” do Nordeste, passando pelo “mano” do Sudeste.
Essa diversidade linguística reflete uma diversidade cultural ainda maior. Em Brasília, não há uma comida típica — há uma mesa posta com pamonha, acarajé, galinhada, sushi, feijoada e pizza. Não há uma única tradição — há festas juninas, rodas de samba, festivais de cinema, saraus de poesia e batalhas de rap.
🧭 Um povo que sabe conviver
O brasiliense é, por natureza, acostumado à convivência com o diferente. É o filho do nordestino com a mineira, o neto do gaúcho com a paraense. Cresceu em escolas públicas com colegas de todas as origens. Aprendeu a respeitar o espaço do outro, a ouvir antes de julgar, a rir de si mesmo — e a valorizar o serviço público como parte do bem comum.
É um povo que ama o pôr do sol no Eixão, que frequenta parques, que respeita a faixa de pedestre e que sabe que viver em Brasília é, acima de tudo, um exercício diário de cidadania.
🎭 Brasília é mais do que política
Muita gente associa Brasília apenas à política. Mas a cidade é também poesia, arte e resistência. É terra de Renato Russo, Cássia Eller, Ana Paula Padrão, Hamilton de Holanda, Martinha do Coco, Tamá Freire, Chico Sant’Anna e tantos outros nomes que mostram que a capital pulsa cultura.
É onde nasceu o rock nacional, onde floresce o hip hop das periferias, onde o forró pé de serra e o samba de roda dividem espaço com o maracatu, o coco do cerrado e o boi do Seu Teodoro.
🏙️ Um microcosmo do Brasil
Brasília foi pensada para unir o país — e o brasiliense é a prova de que essa união é possível. Ele carrega em si um pouco de cada canto do Brasil. É o retrato de um país que, apesar das diferenças, pode conviver, construir e sonhar junto.
Talvez por isso, de todos os lugares por onde já passei, ninguém me recebeu como o brasiliense. Educado, acolhedor, curioso e generoso. Um povo que, mesmo nascido da poeira vermelha do Cerrado, floresce em diversidade.
💬 E pra você?
Qual é o povo mais incrível do Brasil? Pode ser o gaúcho, o baiano, o paraense, o mineiro… Mas se você quiser entender o Brasil em sua essência, venha conhecer o brasiliense. Ele é, talvez, o melhor resumo de quem somos — e de quem ainda podemos ser.