O incêndio que atingiu o Parque Nacional de Brasília nos últimos dias está finalmente sob controle, mas o trabalho dos agentes de combate ao fogo está longe de terminar. Com o objetivo de evitar que as chamas voltem a se alastrar, mais de 600 profissionais, entre bombeiros e brigadistas, estão empenhados em resfriar o solo da região afetada.
Segundo dados atualizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o incêndio já consumiu 1.473 hectares de vegetação. A operação conjunta, que envolve o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), o Brasília Ambiental, o ICMBio e o Prevfogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), tem se concentrado em combater o fogo subterrâneo, que consome material orgânico acumulado no solo.
“O incêndio subterrâneo é um dos mais difíceis de identificar e combater, pois não vemos as chamas, apenas pontos de fumaça”, explicou Pedro Aníbal, comandante operacional do CBMDF. “Estamos utilizando técnicas de resfriamento, que consistem em jogar água na região afetada e revirar a vegetação com ferramentas como pás e enxadas”.
Além do combate ao fogo, a operação também tem se preocupado com a fauna local. Até o momento, dois animais feridos foram resgatados: uma anta de menor porte, que foi encaminhada ao Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre (HFAUS), e uma anta de maior porte, que recebeu os primeiros cuidados na Unidade de Conservação e foi levada para o Zoológico de Brasília.
O incêndio teve início no último domingo (15), próximo à região do Córrego do Bananal e da unidade de captação de água da Companhia Ambiental de Saneamento do Distrito Federal (Caesb). As chamas se alastraram rapidamente devido ao clima quente e seco, e há suspeitas de que o incêndio tenha sido criminoso.
A operação de resfriamento do solo é crucial para garantir que o fogo não volte a se espalhar, especialmente em áreas de mata ciliar e de galeria, onde a matéria orgânica no solo pode continuar queimando por dias ou até semanas. “Nosso trabalho agora é garantir que todos os focos sejam completamente extintos para evitar novos incêndios”, concluiu Pedro Aníbal.
Com a situação sob controle, a expectativa é que a vegetação comece a se recuperar nas próximas semanas, e que os animais resgatados possam ser reintroduzidos em seu habitat natural assim que estiverem totalmente recuperados.