Um estudo recente conduzido pelos renomados cientistas Daniel Kahneman e Matthew Killingsworth e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences trouxe novas evidências sobre a relação entre dinheiro e felicidade. A pesquisa revelou que a remuneração financeira tem um impacto significativo no bem-estar emocional das pessoas, contribuindo para uma maior sensação de felicidade e satisfação pessoal.

Os pesquisadores utilizaram um aplicativo de smartphone chamado Track Your Happiness para monitorar os sentimentos dos participantes ao longo do dia. A análise revelou que o bem-estar emocional varia consideravelmente entre indivíduos e está diretamente influenciado pela estabilidade financeira. O estudo mostrou que, para 80% das pessoas, ganhar mais dinheiro resulta em benefícios emocionais, enquanto para um grupo de 20%, rendas acima de US$ 100 mil não fazem diferença.

Uma pesquisa complementar do site de relacionamentos Meu Patrocínio, envolvendo mais de 42 mil adultos, confirmou que a estabilidade financeira está fortemente associada à felicidade nas relações interpessoais. Segundo os dados, pessoas bem remuneradas tendem a ser mais confiantes e satisfeitas com suas vidas.

Caio Bittencourt, especialista em relacionamentos, observa que a busca por parceiros financeiramente estáveis tem se intensificado entre jovens mulheres, especialmente em plataformas de “sugar dating”. Ele destaca que a falta de estabilidade financeira é um fator significativo nas crises conjugais, contribuindo para uma parcela considerável dos divórcios no Brasil.

Os resultados de Kahneman e Killingsworth desafiam a antiga crença de que o dinheiro não pode comprar felicidade. Kahneman, em um estudo de 2010, observou que o bem-estar aumenta com a renda até atingir US$ 75 mil por ano, após o qual o efeito desaparece. Killingsworth, em 2021, concluiu que a felicidade continua a aumentar muito além desse valor.

Por outro lado, a questão dos bilionários e milionários também foi abordada. Estudos mostram que, embora muitos imaginem que grandes fortunas garantam felicidade, outras variáveis, como relações pessoais e saúde, são cruciais para o bem-estar. Indivíduos com grandes riquezas podem enfrentar desafios únicos, como a gestão de grandes somas de dinheiro e a pressão social.

Além do dinheiro, outros fatores também influenciam a felicidade. Gastar dinheiro com outras pessoas e manter boas relações sociais, frequentemente associadas a um status socioeconômico elevado, contribuem significativamente para o bem-estar. O economista Richard Easterlin argumenta que, uma vez atendidas as necessidades básicas, o aumento de renda não eleva o bem-estar tanto quanto o tempo dedicado à família ou à saúde.

Estudos recentes também indicam que comunidades com recursos econômicos limitados relatam alta satisfação de vida, sugerindo que a competição em sociedades monetizadas pode influenciar nossa percepção de bem-estar. A generosidade, por exemplo, está ligada à felicidade. Pesquisa da Universidade de Lübeck, na Alemanha, revelou que pessoas mais generosas são mais felizes, demonstrando maior contentamento consigo mesmas.

Caio Bittencourt explica que a prática constante de generosidade, comum em relacionamentos “Sugar”, pode ser aplicada nas relações amorosas para proporcionar experiências gratificantes. Os pesquisadores concluíram que a simples promessa de se tornar mais generoso é suficiente para desencadear uma mudança no cérebro, tornando as pessoas mais felizes, um fenômeno descrito pelos neuroeconomistas como “warm glow”.

Com essas descobertas, fica claro que o dinheiro pode, sim, contribuir para a felicidade, mas ele é apenas uma peça de um quebra-cabeça muito mais complexo que envolve aspectos emocionais, sociais e de bem-estar.

Com informações do portal Money Report e Época Negócios